Ao longo da última década, Hollywood não fez progressos no que à inclusão e diversidade diz respeito. Os números mostram que os homens continuam a dominar, quer nos cargos da equipa de produção, quer nas personagens, e que as mulheres de cor são, em grande parte, excluídas dos papéis principais.

De acordo com o relatório “Inequality in 1.100 Popular Films“, conduzido pela Annenberg Inclusion Initiative da Universidade do Sul da Califórnia, que analisou 48.757 personagens dos 1.100 filmes mais populares — isto é, aqueles que tiveram maior sucesso comercial nos Estados Unidos entre 2007 e 2017 –, os homens continuaram a ter duas vezes mais personagens do que as mulheres: os papéis femininos corresponderam apenas a 30,6% do total.

Ainda que a percentagem de personagens brancas tenha diminuído desde 2007, as pessoas de cor continuam a estar em minoria — no ano passado, por exemplo, 70,7% das personagens principais eram brancas, contra 12,1% de cor. O estudo mostra também que só 2,5% das personagens tinham deficiências e, na maioria, eram interpretadas por atores sem qualquer problema, como foi o caso de Eddie Redmayne, que recebeu o Óscar para Melhor Ator em 2015, quando fez de Stephen Hawking no filme “A Teoria de Tudo”.

Os investigadores tiveram ainda em atenção a sexualidade das personagens e chegaram à conclusão de que apenas 31, isto é, 0,7%, eram lésbicas, gays ou bissexuais. Dos 400 filmes mais populares entre 2014 e 2017, houve apenas uma personagem transgénero.

O problema da diversidade parece continuar a persistir principalmente devido a quem se encontra atrás das câmaras. É que entre os 1.223 diretores de filme, apenas 4,3% eram mulheres, 5,2% eram negros e 3,1% eram asiáticos. Mais: apenas sete mulheres de cor dirigiram filmes nos últimos 11 anos.

Há uma série de vozes a gritar por mudança lá fora, mas Hollywood ainda não mudou as suas práticas de contratação“, afirmou Stacy L Smith, autora do relatório. O relatório, que surge após um ano de grandes reviravoltas na indústria do cinema, com os movimentos #MeToo e Time’s Up a lutarem contra abusos sobre as mulheres e contra o contínuo domínio de homens brancos tanto no grande ecrã como atrás das câmaras, mostra que, apesar dos apelos, nada mudou no setor.

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