A ex-presidente da Sonangol, Isabel dos Santos, negou esta terça-feira ter recebido qualquer notificação da justiça angolana para prestar declarações no âmbito de uma investigação a uma alegada transferência de 38 milhões de dólares já depois de cessar funções na petrolífera angolana. A filha do ex-presidente de Angola admite a transferência para uma consultora com sede no Dubai, mas diz que foi feita como pagamento por serviços de consultoria antes de deixar o cargo, e não depois.

Num comunicado enviado às redações pela assessoria de imprensa da empresária angolana, Isabel dos Santos diz que foi com surpresa que soube da notificação através da imprensa e que é falso dizer “que foram realizadas transferências bancárias de 38 milhões de dólares após a cessação de funções da anterior administração da Sonangol”.

As transferências, diz, foram feitas de acordo com a lei e que o contrato com a empresa com sede no Dubai foi celebrado depois de, no final de 2015, a administração a que presidiu ter encontrado a empresa numa situação de falência.

“No final de 2015, dada a situação de falência da Sonangol – com 20 mil milhões de dólares de dívida deixada pela anterior administração –, foi assinado pelo Ministério das Finanças um contrato de consultoria para a Restruturação do Sector dos Petróleos em Angola, com a empresa Wise Consulting, na qualidade de coordenador de um alargado grupo de consultores identificados”, explica a empresária angolana.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, garante, “não existem instruções de pagamentos, ou outras instruções com data posterior a 16 de Novembro de 2017”, data em que a nova administração entrou em funções.

Até essa data, admite, foram efetuados vários pagamentos como seria suposto no decorrer da atividade normal da empresa, entre eles os 38 milhões de dólares identificados.

“Até essa data, ou seja até dia 16 de Novembro, a empresa tem que continuar a sua atividade e a funcionar normalmente, sendo a obrigação dos Administradores em funções assegurar o tratamento dos assuntos sociais como é o normal e corrente, como é o pagamentos de faturas de trabalhos prestados, e já entregues à empresa. Foram efetuados vários pagamentos a diferentes entidades, e não apenas este, como é normal numa empresa da dimensão da Sonangol. O processamento e pagamento de faturas no valor de 38 milhões de dólares está contabilizado como parte do valor de 90,5 milhões de dólares, tido como custo de consultoria para o ano de 2017. Tratam-se de pagamentos totalmente legítimos de faturas emitidas, relativas ao trabalho efetivamente realizado, e prestados por vários consultores subcontratados no âmbito dos trabalhos do Projeto de Reestruturação da Sonangol”, explica.

A gestora defende-se ainda com os custos anuais com serviços de consultoria durante a sua gestão, que garante terem sido substancialmente reduzidos face áquilo que foram os custos durante a gestão anterior.