James Barker não denuncia a costela portuguesa que está por detrás da loja online James Barker, da responsabilidade do ilustrador inglês com o mesmo nome, que cria produtos únicos para os mais diversos propósitos, desde artigos de papelaria, de decoração, quadros ou acessórios como sacolas ou capas de telemóveis. Mas antes de James Barker marca existiu Chá Com Letras, um projecto fundado pelo ilustrador e pela portuguesa Joana Pereira, natural do Fundão, que vive em Inglaterra há quinze anos, ou seja, desde 2003 quando se mudou para Norwich para ir estudar Design Gráfico.

Barker é natural de Norwich e foi na universidade – estudou Ilustração — que conheceu Joana, quando começaram a trabalhar em conjunto em alguns projectos. Joana confessa que parte da química de trabalho nasceu precisamente aí “porque percebemos que tínhamos uma boa química e que compreendíamos a intenção um do outro quando estávamos a trabalhar nestes projetos. Termos diferentes áreas de interesse e isso ajudou a criar uma simbiose.”

Joana mudou-se para Londres em 2009 para continuar o estudos, James fez o mesmo no ano seguinte. A partir daí começaram uma relação de trabalho mais séria que começou a dar frutos uns anos depois. James gosta de contar histórias e tem um talento natural para ilustrá-las. Após ter terminado os estudos foi fácil assumir ambas as virtudes e levá-las para um caminho mais sério. Começaram a trabalhar em livros para crianças, James tratou da histórias e das ilustrações, Joana do design.

O primeiro projeto a que se dedicaram enquanto Chá Com Letras foi um livro para crianças, “The Grey Go-Away Bird”, em 2013. Queriam ser uma editora de livros para crianças e arrancaram em força, com o livro presente em algumas das melhores lojas londrinas. No ano seguinte concorreram a um prémio na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha. James foi um dos finalistas e viu o seu trabalho exibido na Feira. Isso deu-lhes confiança para continuarem com o seu projecto.

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Ainda em 2014 lançam uma loja na Etsy e recebem propostas para aplicarem as suas ilustrações em produtos. A Ohh Deer foi a primeira a chegar-se à frente e no Natal de 2015 dão um grande salto: são convidados para exporem os seus produtos numa loja pop-up na British Library. “Foi de loucos”, diz Joana.

“Nessa altura fazíamos todos os produtos em casa, as almofadas, os lenços, os abajures… e de repente fazem-nos uma encomenda gigante. Passámos o verão todo desse ano a trabalhar nos produtos para conseguirmos entregar a encomenda. Mas foi fantástico, porque como tínhamos uma colecção completa, isso deu-nos mais destaque e muita imprensa. A maior parte dos outros participantes só tinham um objecto para venda, nós tínhamos vários. A partir daí começámos a ser convidados para uma série de eventos.”

Joana manteve o seu trabalho como freelancer. Com o tempo começou a afastar-se da parte criativa porque “alguém tinha de tratar do marketing e da parte burocrática do negócio. Quando eu chegava a casa do trabalho, não tinha cabeça para ser criativa, mas conseguia tratar deste lado. E entusiasmava-me aprender a fazer esse trabalho, porque nenhum de nós tinha formação nessa área. E gosto de como tudo aconteceu de uma forma muito orgânica. Nós não tínhamos um plano de negócio, só sabíamos o que queríamos fazer. E tudo foi acontecendo conforme as nossas necessidades e as do negócio, muito organicamente”.

Actualmente a maior parte dos produtos são feitos no Reino Unido. Joana confessa que essa é uma das partes mais difíceis do negócio: “Por mais criatividade que tenhas, é muito difícil em tornares isso numa realidade. Queres criar um produto e satisfazer a procura. Não interessa se fazes um trabalho fantástico se não consegues entregar o teu produto. Grande parte dos nossos produtos são feitos no Reino Unido, tirando algumas excepções: as sacolas vêm da Índia, via comércio justo, mas são impressas no Reino Unido; as nossas bases de copos são feitas na Suécia porque eles fazem melhor do que ninguém; e os pins são feitos na China, porque a empresa inglesa com quem trabalhamos faz os pins lá. Tentamos sempre trabalhar com pessoas como nós, mas por vezes temos de dar o braço a torcer.

Em 2017 perderam o vínculo português no nome, a empresa de Joana e James deixou de ser Chá Com Letras para assumir o nome do ilustrador: James Barker. Têm uma base de clientes muito fiel e o negócio tem crescido como desejado: “não temos uma grande base de clientes regulares, mas os que temos são muito bons. E é fantástico ver crianças a brincar com os nossos produtos”.

Os produtos que James cria expressam de imediato esse lado infantil. Os seus desenhos com animais (vão de insectos a dinossauros), plantas ou figuras históricas têm um traço e uma cor que encaixa imediatamente no olho infantil, mas que são suficientemente sóbrios para entrarem no dia-a-dia de um adulto, seja na decoração da casa ou na utilidade do dia-a-dia, como as lindíssimas, espaçosas, práticas e duradouras sacolas ou as resistentes capas de telemóvel. Sempre com um toque que chama a atenção.

Os preços são acessíveis e a qualidade justifica. Os artigos podem ser comprados online ou, se está de visita ao Reino Unido, passe pela British Library, Museum Of London, Natural History Museum, Tate Modern ou Selfridges e confira com os próprios olhos. Não vai ao Reino Unido? Não há problema, a arte de James Barker já anda um pouco por todo o mundo, de Nova Iorque ao Japão.