Um estudo que acompanhou mais de nove mil londrinos, com idades compreendidas entre 35 e 55 anos, mostrou que quem se abstêm de álcool a meio da vida pode um ter maior risco de desenvolver demência nos anos seguintes, isto comparativamente com quem bebe moderadamente. A investigação que acompanhou a saúde de funcionários públicos sugere ainda que as pessoas que bebem em excesso, acima dos limites recomendados para homens e mulheres, também correm riscos elevados, escreve o britânico The Guardian.

O estudo, publicado no British Medical Journal (BMJ), apresentou os seguintes resultados: a abstinência na meia-idade estava associada a um aumento do risco de demência em 45%, comparativamente com as pessoas que consumiam uma a 14 unidades de álcool por semana, isto é, que apresentavam padrões de consumo moderado; abstémios de longa duração e pessoas com uma diminuição no consumo de álcool também tinham um risco elevado.

O consumo de álcool foi medido ao longo do tempo e os participantes foram acompanhados por uma média de 23 anos — nesse período de tempo, um total de 397 casos de demência foram registados. Segundo os investigadores, de origem francesa e britânica, o aumento do risco de demência em abstémios poderá dever-se, em parte, ao maior risco de doenças cardiometabólicas registadas neste grupo. Do outro lado da barricada, também os bebedores excessivos apresentaram um risco elevado de demência que aumentava quanto mais uma pessoa bebesse — a cada sete unidades extra por semana, o risco de demência aumentava em 17%.

“Nós mostrámos que tanto a abstinência de álcool a longo prazo como o consumo excessivo pode aumentar o risco de demência”, dizem os autores do estudo, da University College London e do instituto francês de saúde Inserm. “Tendo em conta que o número de pessoas a viver com demência deverá triplicar até 2050, e a ausência de uma cura, a prevenção é a chave.”

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Comprava uma garrafa de vinho se ela avisasse que o “álcool causa cancro” (e fosse mais cara)?

No que a consumo moderado diz respeito, Conceição Calhau, investigadora anteriormente consultada pelo Observador, chegou a explicar que, apesar de este variar consoante a idade, o sexo e a composição corporal de cada um, o homem deve beber até um copo e meio de vinho tinto por dia e a mulher apenas uma unidade.