Os milhares de taxistas que bloquearam desde segunda-feira a avenida Castellana (Madrid) e desde 25 de julho a Gran Vía (Barcelona) em protesto contra empresas como a Uber e a Cabify desmobilizaram esta quarta-feira perto da meia-noite, depois de uma reunião com o governo espanhol onde Madrid decidiu passar às comunidades autónomas a decisão de cumprir a regulação que aponta para que haja apenas 1 veículo licenciado para operar através daquelas aplicações por cada 30 táxis.

“Não vamos desistir do parâmetro regulatório, mas vamos enriquecê-lo para encontrar uma saída e procurar medidas que ajudem a conseguir os parâmetros de 1 por 30”, disse na quarta-feira à noite o ministro do Desenvolvimento, José Luis Ábalos, que tem a pasta dos transportes. Ainda assim, o ministro admitiu margem de manobra para cada região autónoma, consoante decisão do seu parlamento, adotar as medidas que entender para este setor. A proposta é a de que estes cheguem a um regime jurídico capaz de “habilitá-los para poderem regular este setor no âmbito territorial correspondente e para que disponham de um instrumento para ordenar as suas políticas de mobilidade urbana e periurbana”.

A bola está agora nos pés das comunidades autónomas — algo que, escreve o El País, não é visto com bons olhos tanto por alguns governos e parlamentos regionais. “Competências sim, batatas quentes não”, disse àquele jornal uma fonte do governo regional da Catalunha, sobre o que preferia que Madrid lhe passasse quanto a este tema. A expressão foi repetida ao longo do dia, ainda a reunião de José Luis Ábalos e os taxistas não tinha terminado, por outras fontes de mais regiões autónomas.

É por isto que, apesar de o pico de tensão ter já sido ultrapassado, esta questão pode estar longe de ficar resolvida. “Hoje não se vai solucionar nada”, disse, à RAC 1, o porta-voz da Élite Taxi e um dos líderes a greve de taxistas em Barcelona. Ainda assim, o mesmo responsável afirmou “perceber as intenções” do governo ao querer transferir a decisão para os governos regionais e disse que “as comunidades autónomas têm muito a dizer”.

Em Madrid, o dirigente da Antaxi deixou claro que pode voltar a haver novas greves, bastando para isso que a decisão da região autónoma madrilena — onde o Partido Popular, tendencialmente favorável à Uber e semelhantes plataformas, tem maioria — não vá ao encontro das pretensões dos taxistas. Ao suspender a greve na capital, Julio Sanz disse: “É uma paragem técnica, umas tréguas, mas se tivermos de voltar a sair às ruas em setembro ou outubro, voltaremos”.

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