Investigadores dos serviços secretos dos EUA descobriram uma suposta espia russa que trabalhava na embaixada norte-americana em Moscovo há mais de uma década. Segundo a notícia avançada pelo The Guardian, o suspeito foi contratado pelos Serviços Secretos e crê-se que terá tido acesso à intranet e ao serviço de e-mail da agência. É provável que se tenha cruzado com informações altamente confidenciais como a agenda pessoal do Presidente e vice-Presidente.

O sujeito em causa é uma mulher e terá aparecido no “radar” das secretas norte-americanas algures em 2016, numa operação rotineira de investigação interna conduzida por dois investigadores da Secretaria de Estado Regional encarregada pela segurança. A investigação terá conseguido perceber que a pessoa em questão mantinha reuniões regulares e não autorizadas com a FSB, a principal secreta da Federação Russa.

O The Guardian avança, ainda, que a mesma Secretaria de Estado Regional confirmou que fizeram soar o alarme em janeiro de 2017, mas os serviços secretos não abriram uma investigação própria. Em vez disso, decidiram despedir a mulher em questão de forma subtil, possivelmente para limitar o embaraço que uma notícia destas podia causar.

Fonte do jornal inglês confirma que a suspeita terá sido despedida no final do verão de 2017, depois de ver as suas autorizações de segurança revogadas. Esta movimentação deu-se pouco tempo depois de o Kremlin ter expulsado uma série de trabalhadores norte-americanos na sequência de Washington impor uma série de sanções à Rússia. Esta ordem de expulsão dada a 750 trabalhadores dos 1200 que trabalhavam na missão diplomática dos EUA terá servido de “disfarce” para o despedimento da alegada espia.

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“Os serviços secretos estão a tentar esconder esta quebra de segurança ao despedi-la”, afirmou fonte do The Guardian. “Os danos já foram feitos mas os dirigentes sénior dos serviços secretos não realizaram qualquer investigação interna para perceber a extensão dos problemas causados e para perceber se ela tinha recrutado algum outro funcionário de modo a que ele lhe pudesse passar mais informações”.

Questionados sobre a investigação e o despedimento, os Serviços Secretos tentaram menosprezar a importância do papel da suspeita, mas não negaram que ela tinha sido identificada como sendo uma “toupeira”. Numa declaração oficial, afirmaram que “os Serviços Secretos dos EUA reconhecem que todos os Foreign Service Nationals (FSN) que trabalham para melhorar as nossas missões, administrativas ou de outro género, podem ser influenciados por agências estrangeiras.

“Isto tem especial ênfase na Rússia. Como tal, todos os Foreign Service Nationals são geridos de forma a garantir que os interesses dos serviços sSecretos e do Governo dos EUA estão protegidos em todas as alturas. Como resultado, os seus encargos estão apenas ligados a tarefas de tradução, interpretação, orientação cultural e apoio administrativo”.

“As tarefas desta FSN em Moscovo baseavam-se em assistir os nossos correspondentes ao criar pontes entre o governo russo, incluindo FSB, o ministério do interior e os Serviços de Proteção Federal, isto sempre com os interesses dos Serviços Secretos em consideração”. “Em nenhuma altura, em qualquer dos nossos escritórios, foi colocado um FSN que pudesse ter acesso a informações de segurança nacional”, afirmou a agência norte-americana.