Os automóveis mais pequenos e acessíveis estão cada vez mais equipados com soluções que até há bem pouco tempo eram exclusivas de carros grandes e mais caros. Sobretudo, em matéria de equipamento de segurança e ajudas à condução. Vem isto a propósito de um vídeo comercial do Volkswagen Polo no Reino Unido que, à semelhança dos veículos similares do Grupo Volkswagen que recorrem à mesma plataforma, do Ibiza ao Fabia, passando pelo A1, passaram a poder usufruir de sistemas que ajudam o condutor a evitar ratoeiras e distracções, tudo para reduzir os acidentes motivados por excesso de distracção ou de optimismo.

Consciente que é necessário chamar a atenção dos clientes para o potencial dos sistemas que passam a estar disponíveis nos veículos mais baratos, dirigidos a um público que menos ouviu falar deles – basicamente porque nunca a eles teve acesso –, ou menos sabe em relação aos benefícios que proporcionam, a Volkswagen resolveu contar uma história, sobre um miúdo com muito azar ou manifesta falta de jeito.

O miúdo caiu e aleijou-se – a ele ou a outros – de bicicleta, skate, karts e de quase tudo o que tivesse rodas. Vai daí, quando chegou a altura de comprar um carro, o pai escolheu um Polo. OK, como é publicidade aceita-se, pois estes sistemas de segurança não são novidade em termos absolutos, mas sim neste segmento dos utilitários, que engloba alguns dos carros mais baratos do mercado.

Sucede que seis consumidores não identificados, quem sabe se gerentes de concessionários da concorrência cujos modelos mais pequenos ainda não oferecem estes dispositivos, apresentaram queixa à Advertising Standards Authority (ASA), afirmando que o anúncio encorajava à prática de uma condução perigosa. Mas não, perigoso teria sido o examinador que permitiu ao jovem “bastante distraído”, no mínimo, obter a licença de condução. Agora trata-se de equipar o seu carro e de todos os restantes condutores – mesmo os que se consideram ‘o Fangio’ do volante – com as últimas tecnologias que salvam vidas.

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Não são soluções à prova de bala, mas lá que ajudam a diminuir os acidentes e, por tabela, as mortes, isso ninguém discute. Seja nos carros baratos ou nos de luxo, sendo que há muitos mais condutores ao volante dos primeiros do que dos segundos. O mais curioso é que isto acontece num país como o Reino Unido, em que qualquer “vão de escada” pode fabricar um carro, desde que seja em pouca quantidade. É o que acontece com a Caterham ou centenas de outros, em que a maioria nem pode ter airbags ou cintos de segurança com limitador de esforço – o básico em matéria de segurança.

A Volkswagen ripostou, afirmando que nada no seu anúncio fomenta uma utilização irresponsável ou condenável, mas nem isso demoveu a ASA. Entidade que, contudo, ‘convive’ com veículos de 600 cv anunciando cerca de 2 litros/100 km, ou modelos que superam os 400 km/h e podem circular na via pública.