O Conselho de Liderança Luso-americano (PALCUS, na sigla inglesa) quer reforçar os direitos políticos da comunidade portuguesa nos Estados Unidos, apostando no aumento dos portugueses recenseados no país.

Em declarações à Lusa, a dirigente do PALCUS, Angela Simões, explicou que a organização vai lançar uma campanha para registar a comunidade portuguesa nos Estados Unidos no próximo censo do país, em 2020.

O material educativo da campanha, intitulada “Make Portuguese Count”, está neste momento a ser desenvolvido e deverá estar pronto até ao final do ano.

O objetivo é garantir que a origem portuguesa é contabilizada nos formulários que serão distribuídos pelo Census Bureau e Angela Simões acredita que, se a campanha for bem-sucedida, o número de luso-americanos nos Estados Unidos “vai disparar”.

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De acordo com o censo de 2010, havia 346,172 mil pessoas de origem portuguesa na Califórnia.

A presidente do PALCUS duvida da precisão destes números, apontando que “provavelmente” a comunidade lusa no Estado mais populoso do país é “maior” e poderá aproximar-se dos 600 mil. Segundo as estimativas do American Community Survey, havia 1,36 milhões de luso-descendentes nos EUA em 2016.

O PALCUS esteve em negociações com o Census Bureau para acrescentar “Português” como opção na definição de “herança étnica” disponível no formulário, mas o questionário final não incluirá essa hipótese.

Os luso-americanos terão de escrever a origem numa linha em branco que estará disponível para lá das opções já existentes, tais como branco, negro, hispânico ou asiático.

“As pessoas não sabem que têm essa opção”, disse Angela Simões, ela própria luso-descendente de terceira geração na Califórnia. “A nossa campanha é para educar as pessoas sobre como preencher o formulário se quiserem identificar-se como portugueses”, explicou a responsável, sublinhando que tal é “inteiramente opcional”.

A contagem de mais portugueses no recenseamento de 2020 terá efeitos práticos ao nível de políticas, referiu Angela Simões.

Há várias questões em cima da mesa para o PALCUS e outras organizações luso-americanas nos Estados Unidos, tais como o aumento da oferta do ensino de português nas escolas e maior representação nos caucus do congresso, o que terá impacto direto em itens como dupla tributação e o programa de dispensa de visto.

Na Casa dos Representantes existe o Portuguese-American Caucus e no Senado o Friends of Portugal.

O PALCUS, uma organização sem fins lucrativos, tem alcance em todo o país e vai colaborar com os clubes e associações locais da comunidade portuguesa para distribuir os materiais educativos, que terão vertente multimédia.

Angela Simões reconheceu o papel “muito importante” das redes sociais para espalhar a palavra, mas destacou que “grande parte” da comunidade portuguesa nos Estados Unidos não está nestas plataformas online, “sobretudo os mais velhos”.

As atividades locais, incluindo correspondência postal e material de leitura disponível nos clubes, serão essenciais para tornar a campanha “muito visível”.

As conversações com o Census Bureau sobre a inclusão do Português como herança étnica no censo começou há cinco anos, quando foi levantada a questão de os luso-americanos serem classificados como hispânicos.

A discussão consta do relatório final do Comité Nacional de Aconselhamento para Raça, Etnia e Outras Populações do Censo 2020, sendo referido que o PALCUS recusou a designação.