O estado atual do PSD foi o tema dominante na intervenção televisiva de Luís Marques Mendes este domingo. Realçando o aparente estado de desunião interna do partido, Marques Mendes aflorou a saída de Pedro Santana Lopes e a intenção de criar um novo partido político — que o Observador anunciou em primeira mão — tratando-a como sendo um acontecimento prejudicial a todos: o PSD, o próprio Santana Lopes e até o CDS.

“Ninguém vai ganhar nesta decisão, vão todos perder: PSD, centro direita e Santana Lopes”, começou o comentador por explicar, justificando que no caso específico do Partido Social Democrata, por exemplo, esta saída transmite uma “ideia de cisão” que pode levar a uma perda de votos. Ora se de facto for criada uma nova força política — Marques Mendes diz que se essa ideia for em frente, Santa Lopes irá apostar forte já nas eleições europeias, passando uma mensagem “mais nacionalista, mais populista” –, isso poderá roubar “uns 2%” de votos ao PSD, o que poderá ser determinante, já que o partido se encontra em baixa nas sondagens, e até alguns ao CDS.

Este possível resultado menos positivo para as ambições da centro-direita poderá ser causado, então, por um suposto novo partido que, para Marques Mendes, não terá grande sucesso. Suscitará alguma “curiosidade mediática” mas não terá tração política significativa. Então porque é que Santana Lopes tomou esta decisão? Luís Marques Mendes defende que tal aconteceu porque o ex-presidente da CML pretende “fazer parte de uma solução de poder” e que pensa numa possível “solução a três.” Estas noticias acabam por ser mais uma dor de cabeça para Rui Rio, outro dos visados no comentário semanal da SIC.

A propósito da entrevista de Pedro Duarte ao jornal Expresso, Marques Mendes diz que “há um certo mal estar por causa das sondagens e da excessiva colagem ao PS” e que isso ajuda a formar a ideia de que “as eleições de 2019 já estão perdidas”. Rui Rio irá “desvalorizar esta entrevista” e as suas alegações assim como o pedido de eleições antecipadas, o que Marques Mendes considera ser correto. Rio “deve continuar o seu mandato” mas não deve perder a hipótese de “aproveitar o período de reflexão” das férias para cuidar da unidade do PSD — “nenhum partido ganha eleições dividido” — e tentar ser um líder mais incisivo, fazendo uma oposição mais aguerrida ao executivo de António Costa (“parece que o PSD tem um pacto de não agressão com Costa! Não há oposição!”, exclamou).

Outro ponto destacado pelo comentador foi o do caso Ricardo Robles e a forma como o seu partido, o Bloco de Esquerda, foi negligente a lidar com o sucedido. Na visão de Marques Mendes, o Robles tem “muita qualidade política” e podia até “vir a disputar a liderança” do Bloco, contudo, o caso do prédio em Alfama “pôs tudo isso em causa”. Quem mais perdeu com isto, tudo, porem, foi mesmo Catarina Martins, que devia “ter-se desmarcado logo no início”, mas não o fez. Ora esta aparente má gestão da crise (e o problema em si) podem vir a afetar do partido: “A grande vantagem do Bloco era mostrar que era um partido diferente, mas com este caso mostra que é igual”. Quem ganha com isto? “O PCP”, em primeiro plano, mas “acima de tudo”, o PS, já que Luís Marques Mendes perspetiva que no futuro, o PS possa conseguir roubar alguns votos ao BE.

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