Robert Redford anunciou na segunda-feira que o próximo filme em que vai aparecer, “The Old Man and The Gun”, vai também ser o último. Aos 81 anos deixa a carreira no cinema, que construiu enquanto passava episódios menos bons a nível pessoal. O ator norte-americano vai agora começar um novo capítulo, dedicando mais tempo à atual esposa, Sibylle Szaggars, aos três filhos e aos seis netos.

Estreou-se na Broadway, em Nova Iorque, e saltou para a televisão e para o grande ecrã já nos anos 60. Mas foi em 1959 que recebeu uma grande alegria: o nascimento do seu primeiro filho, fruto da sua esposa de então, Lola Van Wagenen. A vida parecia sorrir-lhe, tanto a nível pessoal, como profissional. Mas cinco meses depois do nascimento de Scott, o casal foi obrigado a enfrentar o seu desaparecimento.

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O filho de Redford morreu com síndrome de morte súbita infantil. “Foi muito difícil. Nós éramos muito jovens. Não sabíamos nada sobre síndrome de morte súbita infantil, então, enquanto pais tendemos a culpar-nos. Isso deixa uma marca que nunca se cura“, disse o ator por várias vezes.

No ano seguinte Lola Van Wagenen deu à luz Shauna e, três anos depois, o casal decidiu ter outro filho, James, que nasceu prematuro e com problemas respiratórios. Durante a adolescência desenvolveu uma inflamação no cólon, pelo que teve de o remover. Depois da primeira operação, o transplante acabou por falhar. Foram 12 dolorosas semanas para Redford, enquanto esperava por um dador compatível. O que acabou por acontecer.

Por ter passado por essa experiência, o filho do ator tem-se dedicado a uma instituição cujo objetivo é educar a população para a importância da doação de órgãos e já realizou vários documentários relacionados com doenças e como lutar para as vencer. Ainda que as operações de que foi alvo tenham deixado marcas, James faz uma vida normal, na Califórnia, junto da sua mulher, Kyle, e dos filhos, Dylan e Lena.

Mas também a filha mais velha do ator passou por um episódio traumático. Quando andava na Universidade de Boulder, no Colorado, o seu namorado foi encontrado morto. Depois deste choque, a então jovem caiu em profunda depressão. Shauna chegou mesmo a tentar pôr fim à vida — na altura colocou-se mesmo a hipótese de não voltar a andar. Acabou por ser apenas um susto e, atualmente, é pintora e está casada com Eric Schlosser, com quem teve dois filhos.

“O mais difícil é quando os teus filhos têm problemas. Tem havido tantos golpes na nossa família“, disse o ator em 2016, acrescentando: “As pessoas pensam que tem sido fácil para mim. É difícil viver com isso. Não é verdade”.

Amy parece ter sido a única a não enfrentar grandes problemas como os irmãos. Segundo o ABC, a filha mais nova do casal assegura que o pior capítulo da sua vida foi mesmo o divórcio dos pais — Redford e Van Wagenen separaram-se em 1985. Na altura, a jovem tinha 15 anos e não suportava ser perseguida pelos paparazzi.

Muito antes de tudo isto acontecer na sua vida, Redford já se tinha deparado com a morte de pessoas próximas muito cedo. Primeiro, o seu tio David, que se tornou uma figura paterna, morreu em 1945, no Luxemburgo, enquanto servia no exército. Com 18 anos perdeu a mãe, Martha, que, com 40 anos, deu à luz gémeos já sem vida. Estes episódios levaram-no pelos caminhos do álcool, que viria a deixar quando se apaixonou por Van Wagenen.