Antes da estreia na Premier League, Nuno Espírito Santo mostrava-se confortável e confiante numa boa entrada oficial e Marco Silva destacava a capacidade do clube para atacar o mercado (gastando quase 100 milhões de euros). O primeiro recusou colocar objetivos a atingir a não ser uma campanha melhor do que no ano passado, o segundo admitiu que o top-6 é a grande meta com que parte para a nova temporada. Em comum, e a 100%, só o que estava combinado no final da partida entre Wolverhampton e Everton – um copo de vinho, como é tradição em Inglaterra, para colocar a conversa em dia. Mas verdade seja dita, e depois da intensidade que marcou um encontro com chuva de golos (2-2), mereciam muito mais no final.

Com os portugueses Rui Patrício (que alinha com a camisola 11 em Inglaterra, porque o número 1 foi retirado em homenagem do guarda-redes nigeriano Carl Ikeme, que terminou a carreira depois de lhe ter sido diagnosticada leucemia), Rúben Neves, João Moutinho, Hélder Costa e Diogo Jota no onze inicial – além do ex-central portista Boly e do antigo avançado benfiquista Raúl Jiménez (Bonatini, ex-Estoril, e o campeão europeu Sub-19 Rúben Vinagre entraram na segunda parte) –, o Wolverhampton começou por tentar agarrar no jogo mas foi a maior qualidade individual do Everton que foi fazendo a diferença. Nomeadamente de um jogador em específico: Richarlison, dianteiro brasileiro que brilhara com Marco Silva no Watford e que reforçou os toffees a troco de 32 milhões de euros, inaugurou o marcador aproveitando uma bola a pingar na área após livre (17′).

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Os Wolves tentaram reagir, mesmo sem grandes oportunidades, e conseguiram mesmo chegar ao empate em cima do intervalo, no seguimento de um lance que viria a mudar as características do encontro: Jagielka, o mais experiente em campo, teve um erro infantil, deixou-se antecipar por Diogo Jota numa saída de bola, cometeu uma falta dura e viu o vermelho direto. Como se não bastasse ao Everton ficar reduzido a dez, Rúben Neves, conhecido como o homem dos golos bonitos em Inglaterra na última temporada, fez jus aos elogios e empatou num fantástico livre direto sem hipóteses para Pickford (44′).

No segundo tempo, e sem Sigurdsson em campo (um dos dez jogadores dos toffees que custaram mais do que 18 milhões de euros, para se ter noção dos valores praticados na Premier League…), que saiu para o central Mason Holgate conseguir equilibrar a equipa, o Everton de Marco Silva acabou por ter uma estratégia ainda mais assumida de transições rápidas com menos uma unidade, chegando de novo à vantagem num dos poucos lances em que a formação de Nuno Espírito Santo foi apanhada com alguns desposicionamentos defensivos: Richarlison, no seguimento de uma jogada bem trabalhada a partir de um lançamento lateral, ganhou espaço na área descaído na esquerda e rematou colocado em arco sem hipóteses para Patrício (67′).

A cara de Nuno dizia tudo: quando começava a tentar montar o cerco à área do Everton para aproveitar a superioridade numérica e passar para a frente, encontrava-se de novo a perder. Mas nem por isso o Wolverhampton desistiu e conseguiria uma espécie de “mal menor” – Raúl Jiménez, avançado cedido pelo Benfica, aproveitou mais um fantástico cruzamento de Rúben Neves para aparecer ao segundo poste e desviar de cabeça, batendo o herói do Mundial Pickford para o 2-2 final no jogo aos 80′.