Três especialistas portugueses vão integrar uma missão internacional de prevenção e resposta rápida ao ébola para ajudar Angola a conter o surto que afeta o país vizinho, a República Democrática do Congo.

Segundo a microbiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Ana Pelerito, uma das especialistas que integra a equipa que vai dar formação em Luanda, entre 13 e 18 de agosto, o objetivo é “poderem estar preparados” para prevenir e controlar um possível surto de vírus em Angola.

Serão cerca de 15 elementos de diferentes países que vão focar-se na gestão de casos, colheita e transporte de amostras, rastreamento de contactos, descontaminação, investigação de surtos e mobilização social, numa formação transversal que abrange desde a componente laboratorial aos procedimentos a adotar nas fronteiras.

“A minha intervenção tem a ver com a parte de diagnóstico laboratorial. Vou participar nesta formação explicando quais são as melhores amostras para detetar esta infeção, como é que essas amostras têm de ser colhidas, como é que tem de ser processadas, como têm de ser transportadas até chegar ao laboratório, qual é a manipulação que se deve fazer no laboratório para depois lá, ou se tiverem de ser enviadas para outro país as amostras estarem em condições para serem identificadas”, explicou Ana Pelerito.

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De Portugal, além de Ana Pelerito, integram também a missão médica um infeciologista do Centro Hospitalar de São João, no Porto, e uma médica de saúde pública da Autoridade de Saúde — Sanidade Internacional da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

O apoio foi solicitado no âmbito da assistência técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao Ministério da Saúde de Angola face à epidemia do ébola, sendo a missão coordenada pela rede internacional de resposta a emergências em Saúde Pública, GOARN (Global Outbreak Alert and Response Network).

O novo surto de ébola no leste da República Democrática do Congo causou, até agora, dez vítimas mortais, segundo o Ministério da Saúde local. As autoridades do país estão a investigar as causas das mortes de outras 27 pessoas para determinar se foram infetadas pelo vírus ébola e identificaram outros 54 casos “suspeitos”.

O décimo surto do vírus ébola na República Democrática do Congo foi declarado a 1 de agosto nas proximidades da cidade de Beni (leste).

Em julho, as autoridades declararam o fim do surto de ébola que atingira o noroeste do país e que matou 33 pessoas.