O plano de reordenamento económico da serra de Monchique deverá estar pronto até dezembro, para ser implementado durante “seis a sete anos”, anunciou este domingo o presidente da autarquia, Rui André, exigindo “medidas de exceção” na sua aplicação.

Em entrevista à agência Lusa, o autarca afirmou que este plano é “uma oportunidade de corrigir erros do passado” em matéria de ordenamento florestal, permitindo que a população viva num ambiente rural e florestal “em segurança”, sem estar a ser “constantemente” ameaçada.

“Não podemos criar uma floresta autóctone só para vislumbre e visita. Ela tem de ter um retorno económico. Esse é um dos grandes desafios”, afirmou Rui André (PSD), à frente da autarquia desde 2009, admitindo que algumas espécies invasoras, como o eucalipto, vão ter de ser reconvertidas: “O que não pode acontecer é termos eucaliptos em cima das casas e das zonas urbanas”.

O autarca social democrata sublinhou que para a implementação deste plano é necessário que a “mochila da burocracia” fique de fora, através de “medidas de exceção e de discriminação positiva”, já que esta “janela de oportunidade não dura muito tempo”.

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“Neste momento as árvores vão começar a regenerar. Se não fizermos rapidamente esta intervenção, daqui a dois ou três anos não vale a pena”, sublinhou, afirmando esperar que a disponibilidade do Governo em matéria de desburocratização “não fique só pelas palavras”.

Questionado sobre se as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro no sábado são suficientes, Rui André salientou que nenhuma “foi de exceção”, já que o Governo propôs mecanismos já existentes para compensar as pessoas que tiveram prejuízos.

“Em princípio serão suficientes, vamos ver. Desde que haja boa vontade e celeridade nos processos penso que as ferramentas que neste momento nos foram apresentadas serão suficientes (…). É essa a fé que tenho e é nisso que vamos acreditar”, afirmou.

Já relativamente aos apoios para prevenir a erosão dos solos, Rui André espera uma resposta rápida por parte do Governo. “Estou muito apreensivo”, disse, referindo que irá reunir-se esta semana com entidades responsáveis na matéria para se tentar encontrar uma resposta rápida com medidas de estabilização de emergência.

Segundo o autarca, em 2016 arderam cerca de dois mil hectares e foi feita uma candidatura no valor de 600 mil euros: “Não foi recusada, mas foi feito um corte de 87%. Até agora, ainda não recebemos qualquer ajuda”, afirmou.

Face à dimensão do incêndio que deflagrou a três de agosto e que consumiu — segundo a autarquia – cerca de 16.700 hectares no concelho, a Câmara de Monchique espera agora um apoio “à volta dos cinco a seis milhões” de euros para este tipo de intervenção.

O incêndio foi combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado na sexta-feira (dia 10) de manhã e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).

Quarenta e uma pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).