Não seria a primeira empresa a ser processada por uma pintura menos feliz, mas desta vez o que está em causa na Ferrari não é a pintura em si, mas sim a sua denominação. Pode parecer estranho que os filhos de um actor famoso, mas falecido há quase 40 anos, venham agora processar a Ferrari, mas tudo tem a ver com uma decisão tomada pela casa do Cavallino Rampante em 2016.

Ferrari comemora 70 anos. E regressa ao passado

Por ocasião do Salão Automóvel de Paris de 2016, a Ferrari decidiu produzir várias pinturas alusivas aos grandes nomes do passado que utilizaram os seus veículos. Foram 70 os modelos criados para comemorar 70 anos de vida, e foi assim que nasceram o 488 GTB baptizado “The Schumacher”, em honra ao sete vezes Campeão do Mundo de F1 Michael Schumacher, e o F12 berlinetta “The Stirling”, destinado a homenagear o grande piloto Stirling Moss, que porém nunca conduziu para a Ferrari. Entre os modelos destas versões de aniversário existia igualmente um Ferrari California T, denominado “The Steve McQueen”, que a marca pintou de castanho porque “o actor e piloto possuiu um Ferrari desta mesma cor”.

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Se bem que baptizar uma pintura com o nome de uma personalidade conhecida possa não ser considerado grande honra para o homenageado – se bem que com a Ferrari nunca se sabe -, a verdade é que ninguém da marca italiana deu grande importância ao assunto. Já a família do actor americano tem outra opinião. E, para provar que não se brinca com a herança McQueen, processou a Ferrari por violação da marca Steve McQueen, exigindo 2 milhões de dólares.

Esta reacção pode parecer excessiva, mas sabe-se agora que, em 2011, um dos filhos (Chadwick McQueen) ter-se-á encontrado com o presidente da marca transalpina, à época Luca di Montezemolo, para negociar a possibilidade de produzir uma série limitada Ferrari Steve McQueen. Ficou então acordado que a família teria de aprovar tudo o que estivesse relacionado com o projecto envergando o nome do seu pai. Daí o espanto (e a fúria) dos descendentes quando a Ferrari decidiu comercializar a série especial “The Steve McQueen” sem sequer avisar a família.

Como se isso não bastasse, a Ferrari rebaptizou depois o California T “The Steve McQueen”, substituindo a denominação por “The Actor”, não só mencionando na campanha promocional que “Steve McQueen possuiu um Ferrari 250 GT Berlinetta”, como ainda recorrendo às imagens do actor, no que parece mais um desafio do que uma estratégia de marketing. Resta saber a quem o tribunal vai dar razão.