O presidente da Câmara Municipal do Funchal considerou esta quarta-feira que a quebra na afluência de pessoas ao Monte deve-se à tragédia de 2017, quando uma árvore caiu e matou 13 pessoas, mas também ao “alarme social” sobre segurança.

É natural que, face ao alarme social que foi criado à volta do arraial do Monte, apesar das garantias de segurança da Câmara, isso também tenha sido um fator dissuasor e inibidor de as pessoas se deslocarem aqui ao Monte”, disse Paulo Cafôfo, ao chegar à igreja onde participou na missa de Nossa Senhora da Assunção.

O autarca, eleito pela coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!), acusou diretamente a Junta de Freguesia, liderada pela social-democrata Idalina Silva, de ser uma das entidades responsáveis pelo “alarme social” à volta da segurança no Largo da Fonte, onde caiu o carvalho, e nos jardins envolventes.

“Esse alarme social foi criado por diversas pessoas. A Junta de Freguesia teve aqui um papel negativo, que denegride a freguesia do Monte, mais do que a questão política, porque há matéria que não deve ser matéria de aproveitamento político”, disse Paulo Cafôfo, sublinhando que a Câmara fez “tudo o que estava ao seu alcance” para a realização do arraial em segurança.

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Idalina Silva reagiu, entretanto, às acusações do presidente da autarquia do Funchal, afirmando que “a responsabilidade da Junta de Freguesia é sempre lutar pela freguesia”.

“O que a Junta tem feito é sempre reclamar melhores condições de segurança para a freguesia. Isso já acontecia antes e vamos continuar sempre a reclamar”, disse, vincando, por outro lado, que este é um “ano de luto”, o que justifica a quebra na afluência de pessoas à festa.

A mesma opinião foi manifestada pelo presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque (PSD), que se deslocou ao Monte acompanhado por diversos elementos do executivo para participar na missa e na procissão em honra da padroeira da Madeira.

De facto, houve uma tragédia o ano passado cujas responsabilidades ainda vão ser apuradas e, neste momento, em termos emocionais, isso deixou uma marca nas pessoas e essa marca ainda está muito fresca, muito viva, e é natural que as pessoas tenham alguma inibição em celebrar no sítio onde ocorreu essa tragédia”, afirmou.

No dia 15 de agosto de 2017, um carvalho centenário de grande porte tombou sobre uma multidão que aguardava no Largo da Fonte a passagem da procissão de Nossa Senhora do Monte, matando 13 pessoas e ferindo 50, situação que motivou uma intervenção técnica nos jardins ao redor da igreja e também a abertura de um inquérito no Ministério Público.

O presidente da Câmara Municipal, Paulo Cafôfo, a vereadora do Ambiente, Idalina Perestrelo, e um funcionário camarário foram constituídos arguidos. “Não estou ansioso, estou tranquilo”, disse hoje o autarca, referindo-se ao processo judicial.

Cafôfo sublinhou que vai colaborar sempre com a justiça e respeitar os seus tempos.