Os elogios ao Atl. Madrid após a conquista da Supertaça Europeia são muitos e multiplicam-se, mas também existem alguns que se cruzam com o Real Madrid. Será de um banco como o dos colchoneros que consiga entrar e resolver que os merengues precisam? Será um avançado com as características de Diego Costa que faz falta na frente? Será que este conjunto blanco está refém do seu próprio sucesso depois de ter conquistado tudo? As perguntas ficaram lançadas, as respostas são mais do que óbvias. Pelo menos tendo em conta o discurso do técnico Julen Lopetegui após o encontro.

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“O Atlético castigou-nos nos nossos erros e venceu de forma merecida. Muitas vezes não se trata apenas de uma questão física mas mais de bola, tomámos decisões arriscadas que não podiam acontecer e teremos de aprender com os erros para melhorar. Aspetos negativos? Perder, claro, e sofrer quatro golos, não pode acontecer. Estávamos bem, conseguimos reagir mesmo sofrendo um golo a abrir mas aproveitaram os nossos erros. Falta de ambição? É normal que se possa pensar nisso e é certo que ganharam muito mas temos de olhar para esta época sem pensar nas anteriores. Não acredito que tenham menos fome de vitórias, aquilo que vejo são jogadores e um grupo com muita fome de ganhar”, destacou o treinador do Real Madrid.

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“Se este resultado muda a política de contratações? Não acredito que mude muito na nossa planificação desportiva, temos é de levantar a cabeça e começar bem o Campeonato”, acrescentou, numa visão que já tinha sido partilhada por Emilio Butrageño, antiga glória do Real Madrid que ocupa o cargo de diretor das Relações Internacionais do clube. Ainda assim, é percetível que a pressão em torno dos merengues nesta primeira temporada pós-Ronaldo vai aumentar. E também para o técnico.

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Olhando para o trajeto do anterior timoneiro do FC Porto, a verdade é que Lopetegui não perdia um encontro oficial desde 2 de janeiro de 2016, altura em que os dragões foram derrotados em Alvalade frente ao Sporting por 2-0. No jogo seguinte, no Dragão, empatou com o Rio Ave e chegou a acordo para sair; depois do Europeu de 2016, assumiu o comando da seleção de Espanha, teve nove vitórias e um empate na qualificação para o Mundial e chegou à Rússia com um total de 20 partidas no comando da Roja (incluindo particulares), com 14 triunfos e seis igualdades. Seguiu-se a novela que levou à saída na antecâmara da estreia frente a Portugal por ter já assinado pelo Real e, agora, a estreia com um desaire dois anos e meio depois.

A derrota acabou por coincidir com outro marco negativo: desde a derrota com o Boca Juniors em 2000, a contar para a Taça Intercontinental, os merengues somavam por vitórias todas as finais internacionais disputadas entre cinco Ligas dos Campeões (Bayer Leverkusen, Atl. Madrid, Atl. Madrid, Juventus e Liverpool), quatro Supertaças Europeias (Feyenoord, Sevilha, Sevilha e Manchester United), três Mundiais de Clubes (San Lorenzo, Kashima Antlers e Grémio) e uma Taça Intercontinental (Olímpia). 16 anos, 13 decisões, outras tantas conquistas – uma série que chegou esta noite ao fim. E com outro pormenor: é preciso recuar aos anos 50 para ver um técnico do Real a sofrer quatro golos na estreia. Algo que, por exemplo, nunca aconteceu nos mais de três anos em que o tricampeão Zinedine Zidane esteve à frente da equipa.