A bastonária da Ordem dos Enfermeiros está a ser criticada, quer por colegas de profissão quer por antigos responsáveis da Ordem, por ter feito aprovar a criação de um subsídio de função para ela e para quem trabalha com ela nos órgãos nacionais e regionais da Ordem, avança o Jornal de Notícias na edição desta sexta-feira. Ana Rita Cavaco desvaloriza as críticas e diz àquele jornal que, no total, recebe 2.800 euros líquidos, entre o vencimento-base que receberia se trabalhasse como enfermeira num centro de saúde e o subsídio de função agora criado.

Os críticos, contudo, falam num gesto tomado no “limite da legalidade”, já que a criação do subsídio foi aprovada numa assembleia-geral convocada para o Funchal, em maio, onde estiveram presentes apenas 100 pessoas, de um total de 72 mil enfermeiros que representam a comunidade nacional. “Não vejo qualquer coerência em realizar a assembleia numa região que tem apenas 3% dos enfermeiros que exercem em Portugal”, criticou em declarações ao JN Germano Couto, bastonário que exerceu funções antes de Ana Rita, entre 2012 e 2015.

O mesmo diz a bastonária anterior, Maria Augusta Sousa, que exerceu funções entre 2004 e 2011: “Sem a presença dos enfermeiros e quase só os membros da Ordem a votar, tudo é aprovado e não são feitos debates”. Tanto um como outro garantem ao JN que nunca foram pagos por exercer funções na Ordem, ou seja, nunca receberam nenhum subsídio extra por terem aquelas funções.

De acordo com o regulamento aprovado nessa assembleia, o vencimento da bastonária passa a corresponder ao vencimento-base de um enfermeiro diretor grupo B (3400 euros brutos), mas os críticos notam que a isso acrescem ajudas de custo e despesas de representação. Mais: as novas regras aprovadas remetem para retroativos a 2016, ano em que os órgãos da Ordem dos Enfermeiros tomaram posse. Ana Rita Cavaco, contudo, defende-se das críticas, falando num salário “justo para o cargo” e apontando o dedo às faltas cometidas pelos anteriores bastonários: “Os anteriores bastonários da Ordem sempre foram pagos e receberam ajudas de custo. A diferença é que não passavam recibo nem faziam descontos. Eu sou a primeira dentro da legalidade”, afirma.

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