“Temos um projeto que permite, em oito meses, entre demolição e reconstrução, ter uma nova ponte”. A garantia foi dada este sábado por Giovanni Castellucci, o diretor executivo da Autostrade per l’Italia, a empresa que assegurava a manutenção da ponte Morandi, que colapsou na passada terça-feira, na cidade italiana de Génova. A gestora (que está a ser responsabilizada pela tragédia que provocou a morte de pelo menos 43 pessoas) assegura que basta que as autoridades autorizem a proposta para que o prazo de oito meses comece a contar.

O diretor executivo da Autostrade per l’Italia anunciou este sábado que irá disponibilizar 500 milhões de euros, já a partir de segunda-feira, para os familiares das vítimas, mas também para ajudar a cidade a reconstruir a ponte e a realojar os moradores de casas que foram afetadas pelos escombros.

Esperemos que a velocidade da reconstrução possa ser também um sinal da velocidade com que a cidade de Génova se está a levantar novamente”, disse Giovanni Castellucci este sábado em conferência de imprensa.

Também o Presidente da Região da Liguria, Giovanni Toti, e o Subsecretário de Estado das Infraestruturas e dos Transportes, Edoardo Rixi, apontaram o ano de 2019 como a meta para a conclusão da nova ponte dos genoveses. “Não podemos permitir uma Itália a duas velocidades: que resgata os feridos rapidamente e, em seguida, desacelera quando está a reconstruir”, considerou Edoardo Rixi.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Oito meses e 500 milhões de euros depois, como será a nova ponte Morandi?

Será de aço (e não de cimento armado, como a que ruiu) e terá menos impacto na zona. Mas, para ser construída, será necessário prosseguir com a demolição de habitações na área circundante. Assim se percebe o anúncio feito este sábado sobre um fundo de 500 milhões disponibilizado pela Autostrade per l’Italia. É que esta verba também se destina ao realojamento dos moradores.

A empresa descreveu os seus planos para o futuro sem mencionar que esse futuro pode estar condenado. É que na sexta-feira o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou ter dado início ao procedimento para terminar a concessão da gestão das estradas italianas com a Autostrade per l’Italia. A concessionária terá a possibilidade de contestar a decisão, no prazo de 15 dias, podia ler-se na nota.

Um raio, um problema estrutural ou as obras. O que fez cair a Morandi, um “fracasso” de ponte?

Empresa não assume culpa: “Alguma coisa de passou”

“Diria que desculpas e responsabilidades estão interconectadas. É claro: pedem-se desculpas se nos sentirmos responsáveis“. Foi assim que o diretor executivo da Autostrade per l’Italia respondeu ao ser questionado pela Sky News sobre se assumia a responsabilidade e pediria desculpa pela queda da ponte Morandi.

Houve um pedido de desculpa: “Pedimos desculpa se fomos percecionados como distantes”. Mas Giovanni Castellucci não pediu desculpa pela tragédia. O que, seguindo a sua lógica, tem um significado: não se sente responsável por ela. Mas defendeu-se:

Era uma ponte muito particular, mas considerada segura por todos os que a examinaram. Alguma coisa se passou e cabe à justiça dizer o quê. Faremos tudo o que pudermos para ajudar a justiça a ser rápida e exaustiva.”

O responsável pela empresa Autostrade per l’Italia sabe que “alguma coisa se passou” mas não deu palpites. Giovanni Castellucci explicou que a empresa não teve acesso ao local nem sequer teve acesso às imagens da câmara de vigilância. Segundo o diretor, estas imagens ficaram afetadas pela chuva que se fazia sentir no momento em que desabou o troço de cerca de 200 metros da ponte Morandi.

Sabemos que devemos e podemos dar e fazer muito por Génova, e estamos determinados a fazê-lo com humildade, consistência e sentido de responsabilidade”, acrescentou ainda.

Logo no dia da tragédia, o ministro italiano das Infraestruturas e Transportes, Danilo Toninelli, responsabilizou a empresa pela tragédia. O ministro disse: “os trabalhos de manutenção não são feitos devidamente”, algo que tinha ficado “demonstrado” pelo desastre. Não tardou a que a empresa reagisse, rejeitando a acusação do ministro. “Os trabalhos e o estado do viaduto estavam sujeitos a constante observação e vigilância”, garantiu a empresa, apontando que foi até “instalada uma ponte suspensa” para permitir que as “atividades de manutenção fossem realizadas”.

Ponte Morandi: a Brooklyn Bridge de Génova que tem problemas desde que foi inaugurada