Os 23 suspeitos das agressões na Academia de Alcochete detidos logo no dia do ataque, a 15 de maio, vão continuar em prisão preventiva. As medidas de coação aplicadas aos arguidos são revistas de três em três meses. Nessa reavaliação trimestral, o juiz de instrução criminal do Barreiro, Carlos Delca, decidiu manter a medida de coação máxima para todos.

Só no próximo mês serão reexaminadas as medidas de coação de outros 4 elementos da Juve Leo, detidos apenas em junho e que também estão em prisão preventiva. Entre eles, Fernando Mendes, antigo líder da claque leonina e apontado como o alegado mentor do ataque à equipa do Sporting.

Depois disso, ficará a faltar apenas a reavaliação do último grupo de suspeitos, composto por nove arguidos detidos no início de julho. Também eles ficaram sujeitos à medida de coação máxima e o reexame deverá ser feito em outubro.

No total, são 37 presos preventivos por suspeitas de terem participado nas agressões à equipa do Sporting, que se preparava para mais um treino, na Academia de Alcochete. O ataque provocou o caos no centro de treinos, sobretudo no balneário onde estavam reunidos os jogadores, que acabaram por ser insultados, ameaçados e agredidos. Os agressores lançaram ainda tochas dentro do edifício. Uma delas acabou por atingir e ferir o preparador físico.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Fernando, ajuda, estes gajos estão a bater nos jogadores, ajuda-me”. O relato que Jorge Jesus fez à GNR

Na sequência do episódio, 9 atletas rescindiram os contratos com o clube. Entre eles, os capitães Rui Patrício e William Carvalho. O médio acabaria por voltar atrás na decisão (tal como Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia), mas para ser vendido depois ao Betis. Quanto ao treinador, Jorge Jesus, que também foi alvo da fúria dos adeptos, abandonou Alvalade e treina agora o Al-Hilal, na Arábia Saudita.

Os detidos respondem por crimes de introdução em lugar vedado ao público, ameaça gravada, ofensas à integridade física, sequestro, dano com violência, detenção de arma proibida, incêndio florestal, resistência e coação contra funcionário e terrorismo. Este último levou a críticas duras de várias defesas, inconformadas com a decisão do juiz que, no despacho que aplicou as primeiras 23 prisões preventivas, considerou que o que aconteceu foi uma verdadeira “perversão do desporto”. Mais. É “a utilização dos atletas para os adeptos se sentirem campeões e, quando tal não é atingido, castigam os jogadores, chamam-lhes filhos da puta e cabrões, ameaçam-nos de morte, batem-lhes, estragam-lhes os carros e prometem-lhes outras agressões se não se portarem bem”, diz. “Este comportamento é inaceitável”, acrescenta, “em face da lei portuguesa, terrorista”. Depois explica porquê: um comportamento destes “encerra, em si mesmo, os pressupostos daquilo a que a lei define como ato terrorista”.

Agressões em Alcochete: “Chamam-lhes filhos da puta e cabrões, batem-lhes e prometem-lhes outras agressões. Este comportamento é terrorista”