Pelo menos duas empresas que realizam serviço de estacionamento low cost no Aeroporto de Lisboa — Lisboa Park e AirPark — estarão a enganar os clientes. Em vez de ser estacionado em parque coberto com videovigilância, como prometido, o carro do cliente é deixado gratuitamente na Avenida Almirante Gago Coutinho, avança a TVI.

Nos websites das empresas está a informação de que, por cinco euros diários, o estacionamento é feito num parque com videovigilância 24 horas por dia, sendo os próprios funcionários que se dirigem aos terminais do aeroporto Humberto Delgado para recolher as viaturas. No entanto, não é isto que acontece. Na Avenida Almirante Gago Coutinho, entre o Areeiro e a Rotunda do Relógio, o estacionamento é gratuito ao longo de dois quilómetros e é lá que vão parar muitos dos carros. “Veem-se as carrinhas da empresas, veem-se os funcionários com os talões dos carros e com as chaves”, disse Rui Matos, que trabalha na avenida e não consegue arranjar estacionamento devido à prática das duas empresas.

A TVI decidiu fazer a experiência e filmou o carro que supostamente seria estacionado em parque coberto a ser estacionado na Gago Coutinho. Lino Silva, cliente da Lisboa Park que recentemente foi passar férias e deixou o seu carro com a empresa, confirma: “Eu acreditei, a partir do momento em que entreguei a chave, que o meu carro ia parar à garagem e que estaria em segurança”. Mas não aconteceu. Além de o carro ter ficado desprotegido, a bolsa com os 40 euros que Lino deixou dentro da viatura para depois pagar o serviço também desapareceu.

Segundo Pedro Pereira, comissário da divisão de Trânsito de Lisboa, “compete à câmara, se entender e se alguém se sentir lesado, restringir o estacionamento a determinados veículos”. Em resposta, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou que em 2019 vai tarifar o estacionamento nesta avenida.

Carolina Gouveia, jurista da DECO, lembra que o contrato é para que o carro fique “exclusivamente no parque coberto” e que os clientes poderão apresentar uma denúncia na Direção-Geral do Consumidor “relativamente à questão da publicidade” e junto da ASAE “pela prática enganosa que está aqui em causa”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR