A agência de notação financeira Moody’s estima que os efeitos das novas tarifas alfandegárias entre a China e os Estados Unidos se sintam em 2019, prevendo que as limitações às importações chinesas não fiquem por aqui.

Esta quinta-feira entram em vigor as novas taxas alfandegárias de 25% nos Estados Unidos e China sobre parte das importações oriundas dos dois países, uma medida que está a deixar empresários e investidores “apavorados”. Reagindo à medida, a Moody’s espera que “grande parte destas restrições económicas se venham a sentir em 2019”, defende a vice-presidente daquela agência de notação financeira, Madhavi Bokil, numa análise hoje conhecida.

De acordo com a especialista, “os impactos macroeconómicos vão depender do sentimento do mercado”, uma vez que “piores condições financeiras, através do ajuste dos preços dos produtos”, podem ter “um impacto mais amplo sobre as empresas e sobre a confiança dos consumidores”, afetando assim a economia global. Acresce que, de acordo com aquela agência de notação financeira, as taxas não vão ficar por aqui (tendo também em conta as que já eram aplicadas ao aço e ao alumínio).

“Estimamos que venham a existir mais restrições nas aquisições por parte da China a empresas nos Estados Unidos e na Europa e perspetivamos que, num cenário base, a administração norte-americana vá mais longe nos limites às importações da China”, argumenta por seu lado a responsável pelo departamento em macroeconomia da Moody’s, na análise hoje conhecida.

Segundo a Moody’s, as novas medidas devem ter um impacto entre 0,3% e 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) da China a partir do próximo ano, pelo que o Governo chinês deverá adotar políticas fiscais para atenuar as perdas e assim manter a liquidez do país.

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Por seu lado, e uma vez que os Estados Unidos vivem um período de crescimento económico, com a criação de 200 mil empregos por mês e uma taxa de desemprego historicamente baixa de 3,9% em julho, a agência de notação financeira perspetiva que as restrições ao comércio reduzam de 2,5% para 2,3% o crescimento do PIB norte-americano em 2019.

A partir de hoje, os funcionários das alfândegas norte-americanas irão recolher taxas adicionais sobre um conjunto de 279 produtos chineses que, no ano passado, representaram 16 mil milhões de dólares (cerca de 13.800 milhões de euros) nas importações dos Estados Unidos do país asiático. Os principais produtos penalizados são bens industriais, incluindo tratores, tubos de plástico ou instrumentos de medição.

Como medida de retaliação, a China promete taxas semelhantes aos produtos oriundos dos EUA, incluindo produtos energéticos, como o carvão, e automóveis.