O surto de ébola na República Democrática do Congo chegou a um momento crucial e está mesmo a colocar em perigo as equipas médicas que estão a lutar para tratar dos infetados e impedir a propagação do vírus, indicam profissionais da saúde citados esta sexta-feira o The Guardian.

Segundo o diretor do Programa de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Peter Salama, há até ao momento 103 casos de infeção, entre os já confirmados e os prováveis. Além disso, as autoridades estão a preparar-se para que apareçam novos casos nos próximos dias.

Até ao momento, o ministério da Saúde da República Democrática do Congo já confirmou a morte de 36 pessoas devido ao ébola, havendo ainda outras 27 mortes que se suspeita terem sido causadas pelo vírus. O diretor do Programa de Emergência da OMS disse também que 14 profissionais de saúde foram infetados até ao momento, registando-se já uma morte. Esta sexta-feira ficou-se também a saber que um médico foi hospitalizado com sintomas da doença na cidade de Oicha.

Karin Huster, coordenador dos Médicos Sem Fronteiras em Mangina — o epicentro da epidemia — disse que está preocupado e alertou que é “super importante” as pessoas acorrerem aos serviços de saúde o mais cedo possível a partir do momento em que têm os primeiros sintomas. Apesar de tudo, o ministro da saúde congolês, Oly Ilunga, mostra-se otimista: “A situação parece estar a estabilizar depois das medidas que tomámos. Mas devemos ser prudentes e manter-nos assim nas próximas semanas”.

As principais províncias afetadas por este surto são Ituri e Kivu do Norte, sendo que a última registou mais de 120 incidentes violentos desde o início do ano. Estas duas províncias são também as zonas com maior número de refugiados internos e acolhem um milhão de pessoas nesta situação. Até agora, as autoridades já aprovaram cinco tratamentos experimentais contra o vírus.

O vírus do Ébola, que pode alcançar uma taxa de mortalidade de 90%, transmite-se através do contacto direto com sangue e fluídos corporais contaminados, sendo mais virulento quanto mais avançado estiver o processo de contaminação. A pior epidemia conhecida da febre hemorrágica do ébola foi declarada em março de 2014, na Guiné Conacri, tendo-se depois expandido para a Serra Leoa e Libéria. A OMS deu por terminada a epidemia em janeiro de 2016, depois de registar 11.300 mortos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR