Um novo estudo revelou que “bots” — sistemas de inteligência artificial programados para simular ações humanas de uma forma repetida e padronizada — e “trols” russos disseminaram informação falsa sobre as vacinas no Twitter, antes e durante as eleições presidenciais nos EUA, em 2016, que deram a vitória ao republicano Donald Trump.

Segundo o The Guardian, cientistas da Universidade de George Washington fizeram a descoberta por acidente, quando tentavam melhorar as comunicações das entidades de saúde pública nas redes sociais. Ao invés, descobriram a existências de várias contas falsas — pertencentes aos mesmos “trolls” russos que interferiram nas eleições presidenciais norte-americanas –, as quais publicavam tweets a favor e contra as vacinas. Nas mensagens proliferavam insultos direcionados a pessoas de ambas as posições e a pais.

A ideia era aumentar o nível de hostilidade e cimentar a discórdia na sociedade norte-americana, segundo Mark Dredze, professor de ciências da computação no Instituto Johns Hopkins, citado pelo jornal britânico. O académico — que também esteve envolvido no estudo — salienta que a confiança do público na vacinação sofreu uma erosão, potencialmente deixando as pessoas expostas a doenças infeciosas. David Broniatowski, professor assistente na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da George Washington, disse ao mesmo jornal que a maioria dos norte-americanos acredita na eficácia das vacinas, mas, olhando para o Twitter, “dá a impressão que existe muito debate”.

A descoberta — publicada no American Journal of Public Health — surge numa altura em que a Europa enfrenta um dos maiores surtos de sarampo em décadas: nos primeiros seis meses deste ano contabilizaram-se 41 mil casos (mais do que em todo o ano de 2017).

A participação de “bots” e de “trolls” nas eleições norte-americanas já não são novidade, mas a forma como estes agiram começa a ser compreendida à medida que o tempo passa. Em maio deste ano era notícia que estas ferramentas digitais podem ter contribuído para o resultado do Brexit e da própria eleição de Donald Trump.

As empresas que detêm as redes sociais têm vindo a “limpar” as suas plataformas. Em fevereiro, o Twitter apagou quase 4 mil contas associadas a uma companhia russa com ligações ao Kremlim, a Internet Research Agency. Em abril foi a vez de o Facebook terminar 135 contas da mesma organização — este semana, eliminou outras 650 contas falsas, com ligações à Rússia e ao Irão.

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