Os trabalhadores da CGD concentraram-se esta manhã junto à sede do banco em Lisboa, enquanto cumpriam uma greve que o sindicato STEC diz ter encerrado balcões em todo o país, mas a administração diz ter-se ficado pelos 30%.

A denúncia do acordo de empresa pela administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi o motivo da greve dos trabalhadores convocada para esta sexta-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC) e, cerca de meia hora antes da concentração de trabalhadores junto à sede do banco, agendada para as 11h30, a administração da CGD convocou uma conferência de imprensa.

“A greve é naturalmente um direito de todos os trabalhadores que nós reconhecemos”, afirmou aos jornalistas a administradora da CGD Maria João Carioca, adiantando que a administração tentou assegurar a normalidade do funcionamento do banco para os clientes e, na sua opinião, conseguiu fazê-lo.

“Até às 10 horas, os nossos clientes já tinham feito mais de 800 mil transações e isso é o normal para esta altura do ano”, acrescentou, informando que o número oficial de adesão à greve, coligido pela direção de pessoal do banco, era “pouco superior a 30%” dos trabalhadores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas João Lopes, presidente do STEC, que representa milhares de trabalhadores do banco público, nega tal percentagem, afirmando que esta sexta-feira “a CGD parou”, “encerrando balcões por todo o país”, e que os trabalhadores tiveram um comportamento “exemplar” e “ultrapassaram os melhores sonhos” do sindicato ao mostrar com a elevada adesão à greve o seu grau de descontentamento.

“Os trabalhadores estão todos com a greve”, acrescentou João Lopes, defendendo que a administração recusa o diálogo com os trabalhadores e agride-os, ao denunciar o acordo de empresa, e anunciando que o sindicato vai agora fazer contactos com os partidos políticos, a Presidência da República e o Governo.

O sindicato anunciou ainda ter entregado esta manhã uma contraproposta às novas cláusulas propostas pelo banco público, que resultaram da denúncia do acordo de empresa, resumindo ter assim “repudiado completamente todas as propostas que destroem os direitos há dezenas de anos” conquistados pelos trabalhadores da CGD e que, “no essencial, [a proposta visa] não melhorar” os direitos dos trabalhadores da CGD, mas antes “não [permitir] estilhaçar” esses direitos.

No seio das dezenas de trabalhadores em protesto esta manhã junto à sede da empresa, que gritavam palavras de ordem como “A caixa somos nós,” e erguiam cartazes dizendo “Paulo Macedo [presidente do banco] para rua, esta casa não é tua”, estiveram as deputadas do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua e do PCP Paula Santos.

Mariana Mortágua, aos jornalistas, recordou as denúncias feitas pelos trabalhadores da CGD sobre o “ambiente de hostilidade” criado pela administração do banco público e frisou que “um bom exemplo dessa hostilidade” é a administração ter convocado hoje uma conferência de imprensa para a mesma hora da concentração dos trabalhadores e “em cima das declarações dos membros dos sindicatos, que são trabalhadores desta concentração”.

Do PCP, Paula Santos, expressou também a sua solidariedade para com a luta dos trabalhadores da CGD, defendendo ser “inaceitável” a denúncia do acordo de empresa que retira direitos aos trabalhadores, e defendeu que é “urgente uma intervenção do Governo” e que vai chamar os seus responsáveis à Assembleia da República.