Donald Trump aconselhou-se com os seus advogados sobre a possibilidade de conceder um perdão presidencial a Paul Manafort. A confirmação foi feita esta quinta-feira pelo seu advogado, Rudolph W. Giuliani. O ex-diretor de campanha do Presidente dos Estados Unidos está a ser investigado pelos crimes de fraude bancária e de evasão fiscal por um tribunal de Alexandria. A conversa aconteceu há várias semanas mas é revelada esta quinta-feira pelo Washington Post.

Os advogados de Trump aconselharam-no a não avançar com a iniciativa. Juridicamente, entendem que o Chefe de Estado americano não deve conceder perdões presidenciais a nenhuma pessoa ligada à investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Guiliani garante que os advogados conseguiram travar as intenções do presidente, pelo menos até que o procurador Robert Mueller conclua a sua investigação. “Ele concordou connosco”, assegurou.

Segundo Guiliani, Trump não estava decidido. Antes pelo contrário. Queria apenas ouvir especialistas em direito para perceber se seria uma hipótese viável. Apesar de estar furioso com as investigações em causa, o presidente americano aceitou esperar pelas conclusões da investigação de Mueller, que irão ser entregues ao procurador-geral adjunto Rod J. Rosenstein, o detentor da palavra final sobre esta investigação.

Dissemos-lhe que deveria esperar até que todas as investigações terminassem. Este caso é estranho. Não será decidido por um júri mas sim pelo Departamento de Justiça e depois pelo Congresso. Por isso, temos de ser sensíveis à opinião pública”, explicou Guiliani.

Trump tem criticado fortemente a forma como Paul Manafort tem sido tratado pela justiça americana. O ex-diretor de campanha já foi considerado culpado por oito dos 18 crimes de fraude bancária e fraude fiscal de que é acusado, mas o caso ainda não chegou ao fim. No entanto, esta primeira decisão do júri motivou reações imediatas por parte do Presidente dos Estados Unidos. “Manafort é um homem bom”, disse aos jornalistas numa primeira reação, admitindo ainda estar “muito triste” com a sua condenação.

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Presidente dos EUA está equacionar perdão presidencial a Paul Manafort

Nos últimos tempos, vários homens fortes de Trump têm vindo a ser investigados. Recentemente, Michael Cohen, ex-advogado do Chefe de Estado dos EUA, aceitou colaborar com a Justiça, tornando o cerco em torno do Presidente norte-americano mais apertado. Cohen declarou-se culpado por oito crimes relacionados com o financiamento da campanha eleitoral para 2016 e revelou que Trump comprou o silêncio de duas modelos com quem tinha mantido relações extraconjugais. Com estes avanços, a possibilidade de haver um impeachment voltou à agenda política dos Estados Unidos.

O Presidente dos Estados Unidos foi implicado num crime. E agora?

Estas recentes novidades nas diversas investigações que envolvem vários membros do inner circle do inquilino da Casa Branca têm deixado Trump cada vez mais isolado. No Twitter, tem referido inúmeras vezes a existência de uma “caça às bruxas”, uma expressão que utiliza desde que começou a investigação sobre um eventual conluio entre Moscovo e a sua equipa de campanha nas eleições presidenciais de 2016.