A Casa Branca terá escrito um comunicado oficial para o Presidente Trump sobre a morte de John McCain mas, mesmo tendo passado pelo crivo dos assessores internos, o documento nunca foi divulgado.
Pelo contrário, o Presidente Trump reagiu à morte do senador numa breve publicação no Twitter em que não refere o serviço militar do senador, pelo qual McCain é considerado um herói da guerra do Vietname nos EUA. “As minhas mais profundas simpatias e respeito vão para a família do senador John McCain. Os nossos corações e orações estão consigo!”, escreve Trump.
My deepest sympathies and respect go out to the family of Senator John McCain. Our hearts and prayers are with you!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 26, 2018
Também contrariamente ao que seria rotina em circunstâncias semelhantes durante os mandatos presidenciais anteriores, a Casa Branca não agendou a leitura de um comunicado pelo presidente na televisão. Trump terá passado o domingo no seu campo de golfe no estado de Virgínia.
Segundo o Washington Post, Trump terá agido contra os conselhos de assessores seniores da sua administração. O chefe de gabinete da Casa Branca John Kelly e a secretária de imprensa Sarah Sanders são alguns dos nomes referidos como tendo aconselhado o presidente a emitir o comunicado que elogiasse o heroísmo e décadas de serviço de McCain.
Apesar de pertencerem ambos ao Partido Republicano, Trump e McCain mantinham uma relação contenciosa. O senador — que concorreu contra Obama nas eleições de 2008 — chegou a apoiar a campanha a presidência de Trump, mas retirou o apoio após o escândalo das gravações em que se ouve Trump a dizer “grab them by the pussy” e tornou-se num dos republicanos com menos reservas em criticar o presidente.
Ainda enquanto candidato, Trump — que nunca cumpriu o serviço militar e evitou a recruta durante a guerra do Vietname com uma série de adiamentos — criticou a carreira de McCain e afirmou que o veterano do Vietname não era um verdadeiro herói por se ter deixado apanhar. Ainda que mais tarde tenha reconhecido que o senador era um herói, Trump recusou-se a pedir desculpa em sucessivas entrevistas.
Em julho passado, McCain não poupou críticas à cimeira com Putin. “É difícil calcular os danos infligidos pela ingenuidade, egoísmo, falsa equivalência e simpatia por autocratas do Presidente Trump. Mas é claro que a cimeira de Helsínquia foi um erro trágico”, cita a CNN. Em maio, McCain afirmou que não queria o atual presidente no seu funeral.
Bush e Obama vão discursar no funeral de McCain. Pence substitui Trump
Em contraste com Trump, vários ex-presidentes e políticos americanos e internacionais têm comentado a morte do senador, elogiando e agradecendo o seu serviço. Também várias pessoas próximas da administração Trump já lamentaram publicamente a morte do senador, inclusivamente o secretário da defesa James Mattis e o secretário de estado Mike Pompeo.
Melania Trump escreveu uma publicação no Twitter em que agradece a McCain. “Os nossos pensamentos, orações e a mais profunda simpatia para a família McCain. Obrigado Senador McCain pelo seu serviço à nação”, escreveu a primeira dama.
Our thoughts, prayers and deepest sympathy to the McCain Family. Thank you Senator McCain for your service to the nation.
— Melania Trump (@FLOTUS) August 26, 2018
Também o vice presidente Mike Pence utilizou o Twitter para reagir. “A Karen [mulher de Pence] e eu enviamos as mais profundas condolências pela morte do senador John McCain para a Cindy [viúva de McCain] e toda a família McCain. Honramos a sua vida de serviço a esta nação nas nossas forças militares e na vida pública. A sua família e amigos estarão nas nossas orações. Deus abençoe John McCain.”
Karen and I send our deepest condolences to Cindy and the entire McCain family on the passing of Senator John McCain. We honor his lifetime of service to this nation in our military and in public life. His family and friends will be in our prayers. God bless John McCain.
— Vice President Mike Pence (@VP) August 26, 2018

No Vietname, John McCain foi homenageado na embaixada dos Estados Unidos e no monumento onde o senador aterrou de paraquedas em outubro de 1967. O então piloto foi capturado quando o seu avião foi abatido e mantido em cativeiro na prisão de Hanoi Hilton em condições precárias durante mais de cinco anos.
De prisioneiro de guerra a candidato presidencial. Cinco momentos decisivos na vida de John McCain