A Casa Branca terá escrito um comunicado oficial para o Presidente Trump sobre a morte de John McCain mas, mesmo tendo passado pelo crivo dos assessores internos, o documento nunca foi divulgado.

Pelo contrário, o Presidente Trump reagiu à morte do senador numa breve publicação no Twitter em que não refere o serviço militar do senador, pelo qual McCain é considerado um herói da guerra do Vietname nos EUA. “As minhas mais profundas simpatias e respeito vão para a família do senador John McCain. Os nossos corações e orações estão consigo!”, escreve Trump.

Também contrariamente ao que seria rotina em circunstâncias semelhantes durante os mandatos presidenciais anteriores, a Casa Branca não agendou a leitura de um comunicado pelo presidente na televisão. Trump terá passado o domingo no seu campo de golfe no estado de Virgínia.

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Segundo o Washington Post, Trump terá agido contra os conselhos de assessores seniores da sua administração. O chefe de gabinete da Casa Branca John Kelly e a secretária de imprensa Sarah Sanders são alguns dos nomes referidos como tendo aconselhado o presidente a emitir o comunicado que elogiasse o heroísmo e décadas de serviço de McCain.

Apesar de pertencerem ambos ao Partido Republicano, Trump e McCain mantinham uma relação contenciosa. O senador — que concorreu contra Obama nas eleições de 2008 — chegou a apoiar a campanha a presidência de Trump, mas retirou o apoio após o escândalo das gravações em que se ouve Trump a dizer “grab them by the pussy” e tornou-se num dos republicanos com menos reservas em criticar o presidente.

Ainda enquanto candidato, Trump — que nunca cumpriu o serviço militar e evitou a recruta durante a guerra do Vietname com uma série de adiamentos — criticou a carreira de McCain e afirmou que o veterano do Vietname não era um verdadeiro herói por se ter deixado apanhar. Ainda que mais tarde tenha reconhecido que o senador era um herói, Trump recusou-se a pedir desculpa em sucessivas entrevistas.

Em julho passado, McCain não poupou críticas à cimeira com Putin. “É difícil calcular os danos infligidos pela ingenuidade, egoísmo, falsa equivalência e simpatia por autocratas do Presidente Trump. Mas é claro que a cimeira de Helsínquia foi um erro trágico”, cita a CNN. Em maio, McCain afirmou que não queria o atual presidente no seu funeral.

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Em contraste com Trump, vários ex-presidentes e políticos americanos e internacionais têm comentado a morte do senador, elogiando e agradecendo o seu serviço. Também várias pessoas próximas da administração Trump já lamentaram publicamente a morte do senador, inclusivamente o secretário da defesa James Mattis e o secretário de estado Mike Pompeo.

Melania Trump escreveu uma publicação no Twitter em que agradece a McCain. “Os nossos pensamentos, orações e a mais profunda simpatia para a família McCain. Obrigado Senador McCain pelo seu serviço à nação”, escreveu a primeira dama.

Também o vice presidente Mike Pence utilizou o Twitter para reagir. “A Karen [mulher de Pence] e eu enviamos as mais profundas condolências pela morte do senador John McCain para a Cindy [viúva de McCain] e toda a família McCain. Honramos a sua vida de serviço a esta nação nas nossas forças militares e na vida pública. A sua família e amigos estarão nas nossas orações. Deus abençoe John McCain.”

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No Vietname, John McCain foi homenageado na embaixada dos Estados Unidos e no monumento onde o senador aterrou de paraquedas em outubro de 1967. O então piloto foi capturado quando o seu avião foi abatido e mantido em cativeiro na prisão de Hanoi Hilton em condições precárias durante mais de cinco anos.

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