O Ministério da Cultura reconheceu esta segunda-feira em Diário da República a certificação do Museu de Santa Maria de Lamas, na Feira, e do Museu da Irmandade dos Clérigos, no Porto, como novos membros da Rede Portuguesa de Museus.

Assinado pelo ministro Luís Filipe Castro Mendes, o despacho reconhece que os dois museus “reúnem todas as condições para integrar a Rede” e refere que isso contribuirá para a “promoção do acesso à cultura e enriquecimento do património cultural português”.

Para Susana Ferreira, diretora do Museu de Lamas, a vantagem mais prática dessa certificação é que viabilizará “a possível candidatura a fundos nacionais e comunitários destinados exclusivamente a equipamentos integrados na Rede Portuguesa de Museus” e permitirá “qualificar ainda mais a equipa técnica da instituição, através de ações de formação especializada”. A adesão à rede significa ainda “maior notoriedade e valorização no quadro da realidade museológica nacional”, já que esse enquadramento facilitará “uma maior cooperação e articulação institucional, assegurando o rigor e profissionalismo das práticas museológicas e técnicas museográficas já implementadas e por implementar”.

O padre Américo Aguiar, presidente da Irmandade dos Clérigos, também se mostra satisfeito com a decisão ministerial que entrará em vigor esta terça-feira: “É com grande alegria, mas também com elevado sentido de responsabilidade que acolhemos a credenciação do Museu da Irmandade dos Clérigos e a sua integração na Rede Portuguesa de Museus”. Para o responsável, o reconhecimento do Ministério da Cultura vem dar por cumprido “o compromisso assumido em 2011 de devolver à cidade e ao mundo todo o edificado dos Clérigos, bem como o seu património artístico”. “Culto e cultura, tradição e modernidade, empreendedorismo e solidariedade, tudo de mãos dadas”, declara Américo Aguiar. “É possível”, garante.

Fundado na década de 1950 pelo industrial corticeiro Henrique Amorim (1902-1977), o Museu de Santa Maria de Lamas acolhe os objetos multidisciplinares que, a título pessoal, esse vinha sujeitando a uma “recolha quase compulsiva” e dispondo ao estilo dos “gabinetes de curiosidades ou quartos das maravilhas europeus dos séculos XV a XVII”. Desde a sua criação, o edificado complexo do museu sempre se destacou “pela quantidade, qualidade e variedade tipológica e temporal do seu espólio”, afirmando-se como “um caso particular na história da museografia portuguesa do século XX” e “recurso cultural e museológico único” – por marcar a história do colecionismo privado e pessoal de meados do século e retratar o mercado de arte e a museologia portuguesa ao tempo do Estado Novo. Após uma intervenção científica de fundo que permitiu reorganizar o seu acervo, apresenta desde 2004 ao público coleções de diversos tipos de arte.

Já o Museu da Irmandade dos Clérigos, por sua vez, divulga património relativo ao conjunto arquitetónico dos Clérigos, que, classificado como Monumento Nacional desde 1910, integra a torre apontada como ‘ex-libris’ do Porto, a respetiva igreja e a Casa da Irmandade, musealizada em 2014. Segundo fonte do próprio museu, “a igreja e a torre integram uma edificação do século XVIII de inspiração barroca, que, localizada numa rua desnivelada, mas genialmente aproveitada [pelo arquiteto italiano] Nicolau Nasoni, marcou a configuração urbana da cidade e conseguiu criar um edifício de referência”. A missão do museu é agora “dar a conhecer ao visitante e ao mundo a história da Irmandade dos Clérigos e do seu famoso arquiteto”, num percurso em que se poderão admirar “diversas coleções de arte religiosa, com peças datadas do século XIII ao século XX, e também pintura, mobiliário, escultura, ourivesaria e paramentaria”.

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