Pedro Santana Lopes definiu um objetivo para a Aliança, o novo partido que está a criar: ganhar as legislativas. “Não vim para obter um dígito, vim para ganhar a António Costa“, disse o antigo primeiro-ministro em entrevista à SIC Notícias. E deixou várias indiretas a Rui Rio: “Se os outros não querem ganhar, é com eles. Eu quero ganhar.” Já no final da entrevista — questionado sobre se o objetivo era eleger um eurodeputado nas Europeias ou dois ou três nas legislativas — Santana recusou-se a definir metas concretas.

Santana Lopes reiterou que não será candidato às Europeias e que o lugar de deputado não seria algo que o “fascinasse“. E voltou a apontar à governação: “Gosto de ter poder executivo“. Deu ainda uma garantia: não dará a mão ao PS, caso Costa necessite de maioria após as legislativas. “Acho um erro o Bloco Central“, afirmou.

O antigo líder do PSD atirou também várias farpas a Rui Rio ao longo da entrevista. Desde logo, disse que tentou primeiro, através do antigo partido, ser alternativa ao PS. E por isso quis saber se o PSD “admitia ter uma estratégia com o PS” e uma lógica de Bloco Central. Nessa tentativa de “clarificar” a posição, perdeu para Rio.

Sobre as notícias dos últimos dias, Santana disse que têm sido sobre “charretes e comboios”, aproveitando para voltar a atirar a Rio: “O que me preocupa não é se um comboio da CP pára para o do PS passar, preocupa-me é quem quer entrar no comboio do PS a nível de sistema de poder. E se resigna perante isso”. E, mais à frente na entrevista, voltava a insistir, ao criticar os que têm um “temor reverencial a António Costa“.

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Santana Lopes disse ainda — não negando que pretende captar eleitorado do PSD e do CDS — que ficaria realizado se captasse os jovens e quem opta pela abstenção. O antigo primeiro-ministro quer captar os jovens que não se interessam pela política, os que se interessam por séries, pelas novas tecnologias, mas que não ligam aos políticos.

O antigo presidente do PSD admite fazer coligações pós eleitorais com PSD e CDS e fez questão de dizer que não é “anti-PSD” e que o partido do qual está mais próximo, “a seguir à Aliança, é o PSD“. Lembrou ainda que fez várias tentativas para que o partido apoiasse as suas convicções, mas não conseguiu. “As ideias que defendo nos congressos do PSD desde 2000 não tiveram eco no PSD“, lamentou.

Santana Lopes recusou ainda ter traído o partido: “O sistema partidário não é um clube do Estado, não tem cartaz a dizer que é proibida a entrada”. Contou também que “foi muito doloroso sair do PSD”, uma vez que “40 anos não são 40 dias”.

Sobre o momento da saída, Santana diz que enviou uma mensagem escrita a Rui Rio uns dias antes a dizer que ia sair e que o presidente do PSD disse que esperava que não o fizesse. Na véspera da carta aos militantes, Santana falou por telefone com Rio. E ainda enviou uma mensagem a Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao longo da entrevista, Santana Lopes sugeriu querer seguir o modelo de Emmanuel Macron em França. Sobre as pessoas a quem se dirige o partido, Santana foi claro: “Não somos duques nem condessas. Somos gente comum, common people.”