A Câmara Municipal de Mação está a preparar-se para levantar uma ação contra o Governo de António Costa. Os prejuízos relativos ao incêndio que devastou o município no ano passado vão ser apoiados pelo Governo apenas em 60%. Um número bastante inferior às ajudas que vão ser concedidas a outros concelhos, como Pedrógão Grande, onde chegou a 100%. A notícia está a ser avançada pelo Diário de Notícias.

“Essa possibilidade está em cima da mesa, está a ser preparada, e é muito provável que venha mesmo a acontecer”, confirma o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, ao DN. Na Assembleia Municipal, PS e PSD uniram-se em torno desta medida para exigir que o concelho mais fustigado pelas chamas em 2017 tenha direito a um apoio estatal de na ordem dos 100%. No total, arderam 28 mil hectares em Mação no verão do ano passado.

Esta reivindicação é antiga e já chegou a ser colocada ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, no Parlamento. O governante explicou que os apoios integrais estão destinados apenas aos concelhos que arderam em junho e em outubro e que fizeram, no total, 116 e provocaram ferimentos em 250 pessoas.

Este foi o critério seguido pelo Executivo para decidir que percentagem dos prejuízos vai cobrir em cada um dos concelhos afetados pelos fogos. No entanto, quando foi requisitada ajuda a Bruxelas, os danos causados em Mação foram contabilizados.

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Este é um dos argumentos utilizados pelo autarca local para apontar uma dualidade de critérios ao Executivo. O Governo desvaloriza as críticas e afirma que a ajuda comunitária representada uma parte residual do montante total destinado a combater os prejuízos causados pelos incêndios do ano passado.

Já na tera-feira, o deputado do PSD Duarte Marques publicou um artigo de opinião no Expresso onde criticava precisamente a existência de uma diferenciação entre concelhos. O social-democrata lamenta que o critério seja o facto de ter havido vítimas mortais quer em Pedrógão Grande quer no nos incêndios de outubro.

De acordo com o parlamentar, “a felicidade” de não ter havido vítimas mortais não deve “impedir de receber os apoios devidos parte do Estado”. No fim da crónica, deixa um apelo ao Presidente da República: “para que coloque um fim a esta tremenda e indecente injustiça para com os cidadãos deste concelho”. Até agora, Marcelo Rebelo de Sousa nada disse sobre o tema.