“Juliet, Nua”

Jesse Peretz, um dos fundadores dos The Lemonheads e autor de um punhado de boas comédias (“O Ex” ou “O Idiota do Nosso Irmão”), era o nome indicado para realizar uma adaptação de um romance de outro apaixonado por música pop, Nick Hornby. E esta comédia romântica sobre um professor inglês fanático de um músico americano que só gravou um álbum nos anos 90 e depois desapareceu, a paciente mas já enfastiada namorada daquele e o dito músico (interpretados, respectiva e magnificamente, por Chris O’Dowd, Rose Byrne e Ethan Hawke), não podia ter saído melhor. “Juliet, Nua”, é o “feel good movie” por excelência deste Verão, conjugando temas e figuras típicas do universo de Hornby, como a importância (por vezes obsessiva) da música na existência das pessoas, e homens e mulheres cujas vidas se tornaram num vira o disco e toca o mesmo quotidiano e sentimental, e percebem que têm que lhe dar um safanão se querem tentar ser felizes.

Peretz não permite que nenhuma das personagens de “Juliet, Nua” se transforme num “cliché” com pernas, mantendo-as reais, humanas e dando, mesmo às mais atontadas, nem que seja um momento de razão ou lucidez, e a sátira aos “nerds” e coca-bichinhos da cultura popular que passam a vida a discutir nos fóruns “online” é certeira, sem nunca ser boçal ou cruel. Ethan Hawke, também ele dado à música e que meteu as mãos na banda sonora da fita, tem um delicioso momento em que canta “Waterloo Sunset”, dos Kinks, num pequeno museu de uma cidadezinha inglesa à beira-mar.

https://youtu.be/N2czkG30Ywc

“Papillon”

Quase 50 anos depois da edição do “best-seller” de Henri Charrière, em que este conta a sua vida de condenado a trabalhos forçados na Guiana Francesa nas décadas de 30 e 40 do século passado, e as suas tentativas de fuga; e 45 anos após a estreia do “Papillon” que Franklin J. Schaffner rodou em 1973, com Steve McQueen e Dustin Hoffman nos principais papéis, surge um “remake”, já não sob a égide de um grande estúdio americano, mas uma co-produção independente entre países europeus e os EUA.

A realização deste novo “Papillon” é do dinamarquês Michael Noer, com um argumento que “pica” o original de 1973, da autoria de Dalton Trumbo e Lorenzo Semple Jr, e também buscar elementos ao segundo livro de Charrière, “Banco”, mas omite alguns dos melhores momentos da primeira versão, caso da passagem pela colónia de leprosos  ou o encontro com os índios, e mete algumas “buchas” na história. O filme original foi quase todo rodado na Venezuela e no Havai, este não saiu na Europa: as filmagens decorreram na Sérvia, Montenegro e Malta. Charlie Hunnam e Rami Malek são os intérpretes. “Papillon” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.

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