O Governo angolano garantiu esta quinta-feira à agência Lusa não ver “inconveniente absolutamente nenhum” para que a SIC volte a emitir em Angola, indicando que tudo depende agora das negociações da estação de televisão portuguesa e os distribuidores.

“Da parte do executivo, tal como já foi comunicado pelo Ministério da Comunicação Social [de Angola] à administração da SIC, não há inconveniente absolutamente nenhum para que a SIC transmita a sua emissão normalmente para o território angolano”, disse à Lusa o secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoneke.

Obviamente que os detalhes operacionais e comerciais têm a ver com a SIC e com os distribuidores, que podem ou não chegar a acordo. É isso que vai determinar quando é isso vai acontecer. O que dissemos e reiteramos é que, da parte do executivo angolano, não há inconveniente absolutamente nenhum para que a SIC faça as suas transmissões em Angola”, acrescentou o governante angolano.

Na terça-feira, a estação de televisão portuguesa noticiou que a SIC Notícias e a SIC Internacional “estão em condições de poder voltar a ser vistas em Angola”, após mais de um ano sem transmissões naquele mercado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As emissões dos dois canais da SIC foram interrompidas no ano passado, alguns meses antes das eleições que marcaram o fim da presidência de José Eduardo dos Santos, com a eleição de João Lourenço como Presidente da República. A SIC Internacional emitia em Angola desde agosto de 2000 e a SIC Notícias desde novembro de 2003.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/grupo-impresa-televisao/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”638″ slug=”grupo-impresa-televisao” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/grupo-impresa-televisao/thumbnail?version=1520527172685&locale=pt-PT&publisher=observador.pt” mce-placeholder=”1″]

No início de junho do ano passado, a operadora de televisão por subscrição Multichoice, através da plataforma internacional DStv, deixou de transmitir os canais SIC Notícias e SIC Internacional África em Angola.

Uma decisão que se seguiu à decisão tomada pela Zap, outra das duas operadoras generalistas em Angola, que, em 14 de março de 2017, tinha interrompido a difusão dos dois canais nos mercados de Angola e Moçambique, o que aconteceu depois de o canal português ter divulgado reportagens críticas ao regime de Luanda.

A Zap, que iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010, é detida em 30% pela operadora portuguesa NOS, sendo o restante capital detido pela Sociedade de Investimentos e Participações, da empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado de Angola.

Em junho do ano passado, antes das eleições presidenciais angolanas, Isabel dos Santos escreveu que a SIC era “muito cara” e que a exclusão dos canais do grupo português Impresa era uma decisão comercial.

A inconfessável ganância comercial do milionário Pinto Balsemão. Em Angola quer encaixar pela SIC um milhão de euros por ano. A comparar com a BBC, 33 mil euros por ano, ou a Al Jazeera, 66 mil euros por ano”, escreveu, na altura, a empresária angolana nas redes sociais, salientando que a exclusão da transmissão daqueles dois canais era “comercial e não política”.

As eleições em Angola decorreram em 23 de agosto, sendo que José Eduardo dos Santos, Presidente da República do país desde 1979, já não concorreu neste sufrágio.