O Governo argentino defendeu na quarta-feira que a “única maneira” de sair da “turbulência” que atravessa a economia nacional passa por erradicar o défice fiscal e corrigir desequilíbrios orçamentais que se arrastam há 70 anos.

“Vimos de 70 anos em que raramente a Argentina teve equilíbrio orçamental. Precisamos erradicar definitivamente o défice fiscal”, disse o ministro de Finanças e Finanças, Nicolás Dujovne, numa declaração aos jornalistas na Casa Rosada, sede do Governo, em Buenos Aires.

No mesmo dia, a diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, reiterou a sua confiança no compromisso do Governo argentino de redirecionar a sua economia, após o Presidente da Argentina, Mauricio Macri, ter anunciado um novo acordo para um adiantamento da entrega de fundos do empréstimo concedido em junho. “Estou confiante de que o forte compromisso e determinação das autoridades argentinas será fundamental para liderar a Argentina através das atuais circunstâncias difíceis e, em última análise, fortalecerá a economia para benefício de todos os argentinos”, sublinhou Lagarde em comunicado.

O Presidente da Argentina anunciou na quarta-feira que foi concluído um acordo com o FMI, numa altura “de desconfiança dos mercados”. O FMI vai avançar “com todos os fundos necessários para garantir a execução do programa financeiro do próximo ano”, declarou o Chefe de Estado pouco antes da abertura dos mercados. As declarações foram feitas após dias de grande volatilidade e de queda do peso argentino.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em junho foi alcançado um acordo para o FMI conceder um empréstimo de 50 mil milhões de dólares à Argentina, que seria pago ao longo de três anos. “Na semana passada, tivemos alguns sinais de desconfiança dos mercados, particularmente em relação à nossa capacidade de garantir um financiamento para 2019”, afirmou Mauricio Macri.

Na sexta-feira, a bolsa de Buenos Aires caiu 5,11% na sequência de uma queda de 30,5% das ações do grupo financeiro Supervielle, que um dia antes anunciara maus resultados. Com uma inflação que em julho ficou em 19,6%, a economia argentina está à beira da recessão. “Garantir o financiamento para 2019 vai permitir o reforço da segurança e o regresso ao caminho do crescimento mais depressa”, acrescentou o Presidente argentino.

O Governo adotou um programa de austeridade exigido pelo FMI, que inclui a supressão de postos de funcionários públicos e uma menor redução de impostos sobre algumas exportações.

O défice orçamental da Argentina é historicamente elevado, o que alimenta a inflação. Os governos de Nestor Kirchner e depois da sua mulher, Cristina (2003-2015), financiavam este défice com a emissão de moeda, enquanto o atual Governo de Macri quer combater o défice contendo a dívida e limitando a despesa pública.