A comissária europeia Federica Mogherini disse hoje desejar que os Estados-membros da União Europeia (UE) assumam uma “maior responsabilidade” para uma solução da questão dos portos de desembarque de imigrantes resgatados pela missão naval Sophia da UE.

“Embora este seja um problema difícil, eu penso que seria bom se os Estados-Membros assumissem mais responsabilidade” para resolver a questão dos portos de desembarque, declarou a chefe da diplomacia da UE durante uma reunião informal dos ministros da Defesa do bloco europeu, em Viena, na Áustria.

A operação Sophia – atualmente sob comando italiano — prevê que todos os imigrantes resgatados desembarquem num porto italiano, mas o Governo populista de direita de Roma exige a partilha dos encargos com os outros Estados-Membros, ameaçando comprometer as operações de resgate.

A Itália tinha indicado no final de julho que daria cinco semanas aos parceiros europeus, ou seja, até o final de agosto, para avançar neste assunto.

As negociações foram realizadas nas últimas semanas, acrescentou a chefe da diplomacia da UE, mas “nenhum consenso foi ainda alcançado”.

Um ponto é unânime, disse a comissária, a missão Sophia — lançada em junho de 2015, depois de uma série de naufrágios no Mediterrâneo — “deve continuar” e interrompê-la seria um “grande revés”.

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“Continuaremos a trabalhar juntos para encontrar soluções práticas e sustentáveis”, disse Federica Mogherini.

A Itália defendeu entre os seus parceiros a ideia de uma rotação dos portos europeus para a receção de imigrantes resgatados no âmbito da missão de Sophia.

O conteúdo das conversações realizadas em Viena “poderia ter sido melhor”, disse a ministra da Defesa italiana, Elisabetta Trenta, acrescentando que “encontrou portas abertas, mas também portas fechadas” entre os seus parceiros.

No entanto, a ministra italiana afirmou que poderão começar e existir desenvolvimentos nas próximas horas durante a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que começou hoje em Viena e continua na sexta-feira.

“Os países poderão fazer uma declaração amanhã [sexta-feira] um pouco diferente da de hoje” e aproximarem-se da Itália, disse Elisabetta Trenta.

A Alemanha “assinalou estar disponível para uma solução”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão , Heiko Maas, acrescentando que o país “assumirá a sua parte da responsabilidade”.

“Presumimos que os outros também farão a sua parte”, acrescentou Maas.

Além da rotação dos portos de desembarque, a distribuição de pessoas resgatadas após a sua chegada poderia ser uma solução, acrescentou Federica Mogherini, lembrando que a operação Sophia no Mediterrâneo representou apenas 10% dos imigrantes resgatados no mar.

O novo governo italiano adotou uma linha dura na imigração, primeiro evitando o desembarque de imigrantes resgatados por navios das organizações não-governamentais (ONG) e, depois, forçando vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Espanha, a encontrar um acordo entre eles para acomodar outros imigrantes bloqueados pela Itália no Mediterrâneo.