O PCP considera que a proposta da Comissão Europeia para pôr fim à mudança de hora na União Europeia é uma prova de “cinismo” por parte de Bruxelas. Numa nota enviada às redações, os comunistas dizem que a proposta está assente numa série de “conceções federalistas inaceitáveis” e manifestam-se contra o método seguido para tentar formalizar a iniciativa.
O anúncio de que a proposta ia avançar foi feito pelo presidente da Comissão Europeia esta sexta-feira, numa entrevista ao canal alemão ZDF. A formalização deste diploma, explicou Jean-Claude Juncker, tem por base uma consulta europeia, realizada entre julho e agosto deste ano, que revelou que 80% dos europeus é favorável ao fim da mudança de hora. No entanto, o estudo levantou dúvidas. Desde logo porque 65% dos 4,6 milhões de europeus eram alemães.
Ao Observador, João Ferreira explicou que “o PCP não é contra a medida em si” mas sim contra “a forma” como tem sido conduzido o processo. O eurodeputado comunista entende que esta “mudança não deve ser feita por imposição”, muito menos quando “nem sequer houve uma discussão nacional sobre o tema”.
“A Comissão Europeia não pode colocar um ponto final numa discussão que nunca foi tida”, detalha. “Cada Estado deve poder decidir”. O também vereador da Câmara Municipal de Lisboa não adianta se o partido é a favor ou contra a medida porque “não se discutiu” internamente. No entanto, não exclui a possibilidade de “existir uma articulação entre os vários estados” para que se avance com o fim da alteração. Sempre e quando “o debate nacional” for suficientemente esclarecedor e não por imposição.
Para os comunistas, esta medida revela uma dualidade de critérios por parte de Bruxelas. E dá como exemplos outros “referendos nacionais, como sucedeu na Dinamarca, na Irlanda ou na Grécia” que não foram tidos em conta por Bruxelas.
Cada Estado, a começar pelo nosso País, deve ter o poder soberano de fixar a hora de acordo com os seus interesses específicos, a sua geografia, ritmos e organização de vida individual e coletiva, que nos planos social, cultural e económico, melhor correspondam às necessidades de cada Povo”, pode ler-se no comunicado enviado às redações.
Atualmente, a hora muda nos últimos domingos dos meses de março – adiantando – e de outubro – recuando. Bruxelas espera que a medida seja aprovada e adotada por todos os países membros.