Oito jogos em 26 dias, uma viagem a Istambul, outra a Salónica e última paragem no Funchal. Pelo meio, Lisboa e Porto. Era com um calendário preenchido e um desgaste físico acumulado que o Benfica chegava ao embate frente ao Nacional da Madeira a contar para a quarta jornada da Liga NOS.

As águias começaram a época a 7 de agosto, no Estádio da Luz, em jogo da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões frente ao Fenerbahçe e estreavam-se a vencer por uma bola a zero, com golo de Cervi. Seguia-se o triunfo inaugural no Campeonato (3-2 frente ao V. Guimarães) e uma viagem à ponta leste da Europa, para a segunda mão com os turcos. Seria a primeira viagem dos encarnados, que regressariam a território nacional para vencer no Bessa, antes de receberem os gregos do PAOK.

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Nacional-Benfica, 0-4

4.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Madeira, Funchal

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Nacional: Daniel Guimarães; Nuno Campos, Felipe Lopes, Júlio César e Decas (Witi, 61′); Marakis (Palocevic, 46′), Jota (Brayan Riascos, 75′) e Vítor Gonçalves; Camacho, Arabidze e Bryan Rochez

Suplentes não utilizados: Lucas França, Kalindi Souza, Diogo Coelho e Ibrahim Alhassan

Treinador: Costinha

Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo; Fejsa (Alfa Semedo, 30′), Pizzi e Gedson; Salvio (João Félix, 81′), Cervi (Rafa, 70′) e Seferovic

Suplentes não utilizados: Svilar, Conti, Zivkovic e Ferreyra

Treinador: Rui Vitória

Golos: Seferovic (28′), Salvio (45′), Grimaldo (76′) e Rafa (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Marakis (35′), Alfa Semedo (49′), Jardel (51′) e Cervi (68′)

Com um dérbi de grande intensidade física e psicológica pelo meio, o Benfica apanhou novo avião desta feita em direção à Grécia, onde goleou o PAOK por 4-1 e garantiu a continuidade nas andanças europeias.

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Na Madeira, extremo da Europa oposto àquele onde tinha estado semanas antes, Rui Vitória fechava um ciclo de oito jogos quase como começou. A diferença tinha um nome: Seferovic. O suíço substituiu Ferreyra no onze que se estreou com o Fenerbahçe e foi decisivo neste encerrar de viagem que terminou com a camisola amarela do Benfica, a par de Sporting e Sp. Braga, fruto da goleada encarnada por 4-0.

Aproveitando o desgaste físico acumulado pelo Benfica desde o início da época, o Nacional imprimiu agressividade nos primeiros minutos do encontro, obrigado os encarnados a correrem atrás da bola e a aplicarem-se nos duelos individuais, disputados sempre com muita intensidade por parte do conjunto insular.

Ainda assim, foi o Benfica quem conseguiu chegar primeiro com perigo à baliza adversária e, já depois de Cervi tentar a sua sorte, Seferovic quase começou a justificar a titularidade com uma assistência de qualidade, mas viu Salvio desperdiçar a oportunidade criada pelo suíço com um tiro ao lado do alvo.

Se as águias estavam cansadas, a verdade é que não se notava. Depois de uma boa entrada do Nacional, foi o Benfica quem se superiorizou na partida e contrariou a posse de bola insular, inclinando o relvado a seu favor.

A realizar um início de época de sonho, Pizzi ia mandando no meio-campo encarnado e ajudava o Benfica a encontrar o seu espaço no jogo. O Benfica e Grimaldo: aos 23′, o médio português desmarcou o lateral espanhol na cara de Daniel Guimarães, mas Grimaldo procurou servir Seferovic em vez de rematar à baliza e a bola perdeu-se pela linha de fundo.

Seria apenas um aviso para o que aconteceria pouco depois, já que a zona recuada do Nacional começada a dar sinais de insegurança e algumas perdas de bola arriscadas. Decas começava a abrir crateras no lado esquerdo dos insulares e Salvio parecia decidido a aproveitá-las, desequilibrando várias vezes pelo seu corredor.

E foi numa das arrancadas do argentino que surgiu o primeiro golo do encontro, apontado por Seferovic. O suíço teve todo o tempo do mundo para, na cara do guardião adversário, ajeitar para o pé esquerdo e inaugurar o marcador, depois de grande assistência de Salvio.

O golo do Benfica foi a explosão de alegria nas bancadas, mas, no banco de suplentes, Rui Vitória nem teve tempo para festejar: Fejsa aproveitou a paragem de jogo para se sentar no chão e pedir a substituição, numa altura em que Alfa Semedo já aquecia há alguns minutos por dificuldades físicas do médio sérvio.

Era o desgaste físico a dar de si, mas nada melhor para o contrariar do que uma injeção de frescura mental: ao cair do pano, Seferovic fez questão de devolver o gesto a Salvio e, numa jogada muitas vezes vista ao contrário, cruzou para o interior da área, onde o pequeno extremo apareceu solto de marcação para o desvio de cabeça.

Era o golo que deixava Rui Vitória mais descansado ao intervalo, não só pela vantagem dilatada, como pela história em si: nunca o Benfica perdeu qualquer jogo na Liga NOS depois de se ver a vencer por dois golos ao intervalo. E esta não seria a primeira vez.

Depois de um primeiro tempo onde não conseguiu realizar qualquer remate à baliza de Vlachodimos, o Nacional tentou dar um ar da sua graça no início do segundo tempo, mas voltou a ser o Benfica a ameaçar, com Seferovic (cada vez mais uma aposta ganha de Rui Vitória) a obrigar Daniel Guimarães a aplicar-se para manter o 2-0.

Já com uma hora de jogo no relógio, surgiu o primeiro remate dos insulares enquadrado com a baliza e por pouco não deu em golo com Palocevic a atirar forte e cruzado para grande defesa de Vlachodimos.

Por essa altura, começava a notar-se a diferença de frescura entre as duas equipas, com o Nacional, mais leve, a empurrar o Benfica para o seu meio-campo. Se é verdade que os comandados de Costinha mostravam pernas mais frescas para desequilibrar a partida, também é certo que os encarnados se mostravam irrepreensíveis ao nível do posicionamento e, mesmo sem grandes mudanças de velocidade, estavam seguros na sua zona defensiva.

O Nacional insistia, mas o jogo direto ia sendo travado nas alturas pelos centrais encarnados, enquanto Gedson e Pizzi continuavam dominadores na zona central do terreno, somando recuperações de bola decisivas para o resultado final.

Com isto, o relógio ia andando, as oportunidades não apareciam e quem sorria era o Benfica. Tal como em Salónica, os encarnados mostravam-se capazes de resolver o jogo no primeiro tempo, gerindo o resultado no segundo, período em que o cansaço físico poderia ser causa de maiores dissabores caso a vantagem das águias fosse mais curta.

Mas as pilhas do Benfica ainda não se tinham esgotado e Pizzi preparava-se para sacar mais um coelho da cartola: grande passe do médio português a isolar Grimaldo na cara de Daniel Guimarães, com o lateral espanhol a atirar cruzado e assinar o 3-0 que sentenciava a partida.

E, afinal, que cansaço acumulado tinha o Benfica? Pelos vistos, não o suficiente para fazer abrandar o ritmo encarnado até final, já que Pizzi (quem mais?) ainda tinha novo passe de mágica preparado, desta feita com um lançamento longo que deixaria Rafa na cara de Daniel Guimarães, com o extremo português a mostrar classe na finalização e a picar a bola por cima do guardião.

Estava carimbado o 4-0 final que premiava a gestão de esforço do Benfica, que soube adiantar-se no marcador em alturas chaves do encontro, geriu bem o cansaço e a posse de bola quando o Nacional se adiantou mais no terreno e aproveitou os espaços deixados nas costas da defesa insular para lançar flechas na direção do alvo e confirmar a goleada. Está fechada a viagem de 26 dias do Benfica à volta da Europa com a camisola amarela da Liga NOS partilhada com Sporting e Sp. Braga.