A Top Gear, reputada revista inglesa, com um programa de televisão sobre automóveis com o mesmo nome, é uma publicação que gosta de carros potentes, exuberantes, rápidos e que deem gozo conduzir. E se bem que os seus jornalistas sempre tenham revelado um ‘fraquinho’ por modelos britânicos (foram os únicos que conseguiram louvar modelos como os antigos Ford Escort e Fiesta…), deliciam-se sobretudo com veículos que proporcionam grandes ‘atravessadelas’ e slides longos e controlados.

Paralelamente, a mesma Top Gear tem um passado algo conflituoso com carros eléctricos e, especialmente, com a Tesla, uma vez que durante um ensaio ao primeiro Roadster proferiu uma série de acusações que foram resolvidas em tribunal. Daí que a publicação de mais um ensaio a um modelo da marca americana, desta vez um Model 3, fosse esperada com particular ansiedade, sobretudo por parte do fabricante.

É bom ter presente, contudo, que havia dois factores que permitiam antecipar uma eventual mudança de atitude por parte da publicação, tendo a primeira a ver com a saída de Jeremy Clarkson, que mais do que um jornalista especializado em automóveis era (e é) um excelente entertainer, e tinha as suas paixões e ódios de estimação. A outra razão prende-se com a adesão da Jaguar à locomoção eléctrica, o que obriga a colocar em perspectiva o que se escreve dos concorrentes alimentados a bateria, do Zoe ao Leaf, passando pelos Tesla.

A oportunidade para conduzir um Model 3 surgiu durante a visita da Top Gear a Pebble Beach, durante a semana em que os melhores automóveis do mundo, antigos, modernos e protótipos, convergiram para as proximidades de Monterey. A Tesla não tinha qualquer actividade principal associada ao evento, mas com a sede ali ao lado, não seria difícil garantir o empréstimo de um Tesla. E a escolha recaiu num Model 3 Performance, o mais potente da gama, equipado com a bateria maior (Long Range), cuja capacidade a marca ainda não divulgou e com dois motores eléctricos, um por eixo, cujo somatório de potência também nunca foi divulgado.

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Pegando nas palavras da própria marca, que afirma que esta versão “assegura uma experiência de condução mais agressiva e divertida, tanto em estrada como em pista”, os profissionais da Top Gear rumaram… à pista. Um tipo de utilização onde os veículos eléctricos, por serem mais pesados do que os modelos convencionais a gasolina, tradicionalmente não se sentem particularmente à vontade.

Depois de elogiar mais pormenores do veículo americano, do que aqueles que criticava, o jornalista da Top Gear começou por afirmar que, em matéria de montagem e qualidade, o Model 3 é melhor do que o esperado, apesar de ligeiramente abaixo dos Audi, BMW, Lexus e Mercedes. Em termos de potência, afirma que o 3 Performance usufrui de 456 cv, fornecidos pelos dois motores (em vez de 350 cv da versão Dual Motor e 270 cv do tracção traseira), o que lhe permite atingir 250 km/h e os 96 km/h em 3,5 segundos (o que garante 100 km/h abaixo dos 4 segundos).

Quanto ao comportamento, a Top Gear informa que a suspensão da versão Performance é 10 mm mais baixa e que a marca tem trabalhado no desenvolvimento do Vehicle Dynamics Controller, para optimizar a utilização da potência sem beliscar a tracção e a estabilidade, afirmando ainda que está disponível um modo de condução “pista”.

No final, ainda antes de admitir que ficou convertido aos eléctricos, o jornalista teceu inúmeros comentários em relação ao comportamento do Model 3, face a familiares desportivos como o BMW M3 e o Mercedes AMG C63, que convidamos a ler aqui.