Burt Reynolds, o ator norte-americano que morreu esta quinta-feira num hospital no estado da Florida tinha “pontaria” certeira para rejeitar papéis que viriam a tornar-se memoráveis. E mesmo o papel que lhe valeu a nomeação para os Óscares foi rejeitado sete vezes. Esta e outras curiosidades da vida do lendário ator.

A famosa foto da Cosmopolitan

Para o bem ou para o mal, há quem se lembre logo da famosa fotografia que fez capa da revista Cosmopolitan, quando pensa em Burt Reynolds. A imagem torou-se um clássico várias vezes recriado, incluindo em Portugal, vários anos mais tarde, com José Cid a dar corpo ao manifesto. “Eu sempre me arrependi de ter posado nu para esta foto”, contou o ator em entrevista ao The Guardian, acrescentando que essa decisão “arruinou as minhas hipóteses nos Óscares nesse ano”. “Foi muito estúpido”, afirmou.

Ser considerado um sex symbol

“Quando tens essa etiqueta, o teu QI baixa aos olhos das outras pessoas”, desabafou Reynolds. O ator pensou que, um dia, com a idade, essa fama desapareceria, mas foi algo que o “seguiu para todo o lado”.

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Recusar papéis importantes

Nem toda a gente se pode gabar de ter tido tanto sucesso durante tanto tempo. No caso de Reynolds são 60 anos de carreira, mais precisamente. Com tantos anos de carreira é natural que nem todas as decisões sejam acertadas. Esse foi o caso quando o ator admitiu ao jornalista Piers Morgan ter rejeitado o papel de Han Solo em Guerra das Estrelase R.P. McMurphy no Voando sobre um Ninho de Cucos.

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Rejeitou o papel que lhe valeu uma nomeação para os Óscares. Sete vezes.

O realizador Paul Thomas Anderson estava decidido a convencer Burt Reynols a interpretar o produtor de filmes pornográficos Jack Horner no seu filme de 1997, BoogieNights, apesar da aversão de Reynolds com o material. “Não é o meu tipo de filme”, admitiu. Só à oitava é que Reynolds acedeu ao pedido do realizador, que o garantiu que iria ser nomeado para os Óscars caso aceitasse.

O “incidente” do helicóptero

Quando se pensa em Natal a vingança não é uma palavra que nos venha à cabeça. Mas isso não se aplica a Burt Reynolds quando decidiu aproveitar a época natalícia para se vingar de uma revista cor-de-rosa. Certo Natal, cansado do que era escrito sobre ele na National Enquirer, um tablóide americano, Reynolds decidiu encher o seu helicóptero de estrume de cavalo da sua quinta e despejar tudo sobre o edifício da revista. “Senti-me muito bem. Passaram anos a escrever porcaria sobre mim que me pareceu adequado”, conta Reynolds.

A relação com Donald Trump

A relação de Reynolds com Donald Trump remonta à década de 80, quando ambos se envolveram no negócio do futebol americano. Anos mais tarde, o ator esteve hospedado na famosa Trump Tower em Nova Iorque, onde julgava ser um convidado de Donald Trump. Quando foi fazer o check-out percebeu que Trump esperava que ele pagasse a sua própria conta. “É por isso que ele é tão bom empresário”, contou.

Anos mais tarde o empresário decidiu concorrer à presidência dos Estados Unidos da América e Reynolds deu a sua opinião sobre o assunto ao The Guardian. “Eu estava com medo que o meu amigo Donald Trump me pedisse para fazer parte da sua campanha presidencial. Eu teria que dizer não”, revelou. O ano passado revelou ao Miami Herald que votou em Trump e que esperava que Donald “crescesse com o trabalho”, sublinhado que Trump é “demasiado esperto para não o fazer”.

Dava “vontade de vomitar” a Marlon Brando

Burt Reynolds era um fã confesso de Marlon Brando. O sentimento, no entanto, não era mútuo. Corria o ano de 1972 e o nome de Reynolds foi considerado para o papel de Michael Corleone no filme O Padrinho, quando Brando afirmou que se o papel fosse entregue a Reynolds, ele saia do projeto. Al Pacino agradeceu e o resto é história.

Anos mais tarde, durante a rodagem do Apocalypse Now, Marlon Brando não se conteve nas críticas a Reynolds. “Nem digas esse nome ao pé de mim”, disse Brando. Questionado sobre se não gostava do ator, Marlon Brando respondeu: “Ele é a essência de algo que me faz querer vomitar”.

“The Longest Yard”, um sucesso a dobrar

Em 1974 atingiu o sucesso no filme “The Longest Yard”, onde vestia a pele de Paul “Wrecking” Crewe, uma estrela de futebol americano que é presa e decide criar uma equipa de prisioneiros para jogar contra os guardas, uma espécie de metáfora para chamar à atenção dos abusos policiais vividos nas cadeias norte-americanas. Este mesmo filme foi um sucesso de tal forma que foi refeito duas vezes: uma em 2001, com o britânico Vinnie Jones como protagonista (o título do filme foi alterado para “Mean Machine”), e outra em 2005, com Adam Sandler a fazer o papel original de Reynolds e o mesmo a fazer de treinador da equipa.

A entrevista mais bizarra da sua carreira

Este ano Burt Reynold foi ao programa “Today” para promover o seu filme “The Last Movie Star”, mas a entrevista foi tudo menos aquilo a que estamos habituados quando vemos as celebridades a falar dos seus mais recentes trabalhos. Reynolds começou a conversa com um “espero que tenhas chegado bem a casa ontem à noite”, dando a entender que os dois tinham passado a noite juntos. No entanto foram os comentários sobre a sua relação com Sally Field que baralharam os espetadores.

“Ela tinha sete anos quando me apaixonei por ela”, disse. “E ficou com sete[anos] durante os onze seguintes”, acrescentou, referindo-se à atriz Sally Fields. Quando questionado sobre o assunto esquivou-se. “Eu não disse sete, eu disse trinta e sete, acho eu”. Mais tarde veio a referir-se à relação falhada com Sally Fields como “o maior arrependimento da minha vida”.

A venda de objetos icónicos para pagar dívidas

No ano de 2014 o ator passou uma fase menos boa. Uma disputa legal com um banco por causa da hipoteca da sua casa levaram Reynolds a vender mais de 600 objetos ligados à sua carreira, incluindo o globo de ouro que venceu em “Boogie Nights”. No entanto Reynolds rejeitou a ideia de estar a passar dificuldades financeiras e afirmou que a sua casa se tinha tornado um “santuário” de si próprio. O item com o valor mais elevado foi para o carro que usou em “Smokey and The Bandit” que foi vendido por 450 mil dólares.