A taxa de inflação oficial da economia brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu 0,09% em agosto, a menor taxa registada num mês de agosto e a primeira deflação (inverso à inflação) desde 1998. Os dados foram divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após uma subida de 0,33% no mês de julho.

Segundo dados revelados pelo jornal “O Estado de São Paulo”, os principais setores a sentirem o resultado da inflação do mês passado foram os grupos da alimentação e bebidas, com uma queda de 0,34%, e os transportes, que recuaram 1,22%.

A deflação foi maior do que as estimativas previstas pelos analistas, que antecipavam um intervalo entre uma queda de 0,06% a alta de 0,10% para o indicador. A inflação acumulada em 12 meses soma 4,19%, um valor inferior à meta estipulada pelo Governo para 2018, de 4,50%.

A queda no IPCA no mês de agosto não é normal dentro da série histórica do indicador, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE. “Agosto não é mês de deflação. A deflação parece pontual. Teve a queda em passagens aéreas. Mas pode ser também um realinhamento de preços, por conta da paralisação (dos camionistas)” avaliou Gonçalves, recordando igualmente a queda nos combustíveis.

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Segundo o gerente Fernando Gonçalves, o endividamento das famílias ainda é elevado, e o alto nível de desemprego deixa os consumidores receosos para saírem às compras. “Então as famílias têm receio de comprometer a sua renda”, explicou.

O grupo da alimentação e bebidas, que responde a 25% das despesas das famílias, passou de uma contribuição de -0,03 pontos percentuais sobre o IPCA de julho para um impacto de -0,08 pontos percentuais para a inflação de agosto. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio caíram 0,72% em agosto, após já terem recuado 0,59% em julho.

Os transportes deram “tréguas” ao orçamento das famílias brasileiras em agosto. Os preços recuaram 1,22%, após o avanço de 0,49% em julho, segundo o IPCA. O grupo deu a maior contribuição negativa para o IPCA do mês, com -0,23 pontos percentuais.

Já as passagens aéreas saíram de uma alta de 44,51%, em julho, para uma queda de 26,12% em agosto, o item de maior impacto negativo sobre a inflação do último mês, o equivalente a uma contribuição de -0,11 pontos percentuais.

A inflação de bens e serviços controlados pelo Governo subiu 0,12%, a mais baixa desde junho de 2017, quando houve deflação de 0,83%. O movimento deveu-se ao baixo aumento da energia elétrica e à queda nos preços dos combustíveis, de acordo com o jornal “o Estado de São Paulo”