A diretora nacional de Educação de Cabo Verde definiu esta sexta-feira como meta para a alfabetização neste país uma taxa acima dos 90% que seja igual para homens e mulheres, o que ainda não acontece.
Sofia Figueiredo falava durante a cerimónia que assinala em Cabo Verde o Dia Internacional da Alfabetização, que se assinala esta sexta-feira, durante a qual enalteceu os avanços em matéria de acesso ao ensino, registados nas últimas décadas neste país. A esse propósito, recordou os dados de 2017 que apontam para uma taxa de alfabetização na ordem dos 89% em Cabo Verde. Estes indicadores não são, contudo, iguais para homens e mulheres, com os primeiros a registarem uma taxa de 93% e as mulheres apenas 84%.
A diretora nacional de Educação sublinhou que entre os 15 e os 24 anos, a taxa de alfabetização é de 99%, o que significa que nesta idade quase todos as pessoas têm acesso ao ensino, mas que tal não acontece na faixa etária da população ativa (entre os 25 e os 64 anos), que se fica pelos 86%. “Temos de ter uma atenção muito especial” em relação ao acesso das mulheres e mais velhas, afirmou.
Segundo Sofia Figueiredo, o desafio passa agora por organizar o plano de estudo da educação de adultos e a proposta do alinhamento do subsistema ao ensino técnico e profissional. “Há necessidade de imprimir uma atenção especial ao desenvolvimento de competências para reforçar os conhecimentos com vista ao mercado de trabalho”, disse, referindo que o objetivo é “colocar esses jovens e adultos no mercado de trabalho”.
Presente na cerimónia, o secretário de Estado Adjunto para a Educação cabo-verdiano, Amadeu Cruz, começou por afirmar que a taxa de alfabetização coloca Cabo Verde ao nível dos países mais desenvolvidos do mundo. Apesar de reconhecer uma “desigualdade entre os sexos”, principalmente entre a população com mais idade, Amadeu Cruz referiu que hoje em dia praticamente todas as pessoas têm acesso à escola em Cabo Verde. O governante avançou que o próximo objetivo passa por criar oportunidades, nomeadamente ao nível profissional, de modo a que não fique ninguém para trás.
Na mensagem escrita para o Dia Internacional da Alfabetização, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recordou a frase de Frederick Douglass, um escravo negro americano libertado no século XIX: “Quando aprenderes a ler, serás livre para sempre”. “A alfabetização é o primeiro passo para a liberdade, para a libertação das condicionantes sociais e económicas. É o pré-requisito para o desenvolvimento, individual e coletivo. Reduz a pobreza e as desigualdades, cria riqueza e ajuda a erradicar problemas de nutrição e de saúde pública”, acrescentou Audrey Azoulay.