O Governo do Iémen acusou este sábado o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) àquele país de ser “conivente” com os rebeldes ‘houthis’, tentando desculpar a ausência destes no Conselho de Direitos Humanos e o fracasso das negociações.

“As declarações do enviado especial [Martin Griffiths] foram, infelizmente, coniventes com aqueles que cometeram um golpe de Estado e visaram desculpar a sua ausência” na 39.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que decorre em Genebra, na Suíça, criticou o ministro das Relações Internacionais do Iémen, Jaled al-Yamani.

Este governante, que falava em conferência de imprensa naquele local, acrescentou que o regime do Iémen está, assim, “muito insatisfeito” com a posição de Martin Griffiths.

A reação surge depois de este enviado especial ao Iémen ter dito, também este sábado durante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que os rebeldes ‘houthis’ não tinham ido a Genebra “porque não podiam”, isto apesar de terem demonstrado que ali “queriam estar”.

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“Não conseguimos que uma delegação [dos ‘houthis’] viesse”, admitiu Martin Griffiths, reconhecendo o “insucesso”.

Este mediador anunciou, por isso, o fracasso das negociações entre o regime e os rebeldes ‘houthis’, visto que estes últimos não compareceram ao encontro.

Num relatório divulgado no final de agosto, especialistas da ONU apontaram possíveis crimes de guerra no Iémen, cometidos por forças pró-governamentais e rebeldes houthis nas áreas que controlam, como Sanaa ou Al-Hudeida, mas igualmente com críticas à coligação militar liderada pela Arábia Saudita.

No documento, citado pela agência de notícias Efe, o grupo de especialistas internacionais e regionais para o Iémen, criado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2017, refere que ambas as partes e a coligação árabe cometeram violações do Direito Internacional que “podem equivaler a crimes de guerra”.

Os especialistas da ONU investigaram as violações e os abusos cometidos no Iémen desde setembro de 2014, quando os rebeldes Houthis tomaram Sanaa e as províncias no norte e oeste do país e expulsaram o Governo da capital.

O conflito intensificou-se em março de 2015 com a entrada da coligação árabe, apoiada pelos Estados Unidos.