O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, classificou este domingo o plano da primeira-ministra Theresa May para o Brexit como um “colete suicida” colocado na constituição britânica cujo “detonador” está nas mãos de Bruxelas.

Johnson demitiu-se do governo britânico em julho na sequência de uma reunião do conselho de ministros em Chequers, a residência de campo da primeira-ministra britânica, em que Theresa May convenceu os seus ministros a chegar a um acordo para um “soft Brexit”.

O plano, que ficou conhecido como proposta de Chequers, foi contestado por alguns dos elementos do executivo que defendiam um Brexit mais assertivo, como é o caso de Boris Johnson, um dos principais rostos da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia. Na sequência da divulgação daquele plano, Boris Johnson e o ministro David Davis, responsável britânico pelas negociações com a UE, saíram do governo.

Num artigo publicado este domingo no jornal britânico The Mail on Sunday, Boris Johnson acusa a União Europeia de fazer “bullying” sobre o Reino Unido, que está a responder “de forma absolutamente fraca”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Em cada momento das negociações, Bruxelas tem aquilo que Bruxelas quer”, escreveu Johnson. “É uma humilhação. Parecemos um fracote de 45 kg a ser ridiculamente dobrado por um gorila de 200 kg”, considerou.

Para o ex-ministro britânico, seguir o plano de Theresa May significa abrir o Reino Unido a “chantagem política perpétua”. “Vestimos um colete suicida na constituição britânica e entregámos o detonador a Michel Barnier”, escreveu Boris Johnson, referindo-se ao responsável europeu pelas negociações do Brexit.

O grande problema neste momento para o avanço do Brexit é a questão irlandesa. O Reino Unido e a União Europeia querem evitar a todo o custo uma fronteira fechada na ilha entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido. Uma das possibilidades para resolver o conflito é manter a Irlanda do Norte no mercado único europeu, o que significaria criar uma fronteira interna entre a Irlanda do Norte e o resto do país.

Entretanto, esta semana, Boris Johnson anunciou oficialmente que se iria divorciar da sua mulher, Marina Wheeler, após notícias que revelaram um caso extra-conjugal  do ex-ministro. Segundo recorda a BBC, já em 2004 Boris Johnson tinha sido demitido de um cargo no Partido Conservador por ter mentido sobre um caso que tinha tido com uma jornalista.

A Bloomberg aponta que a decisão de Johnson de anunciar publicamente o divórcio está a ser vista em muitos quadrantes da política britânica como uma forma de o ex-ministro limpar a sua imagem e preparar caminho a uma eventual candidatura a um lugar de liderança no governo.