Nova alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, irá encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, que na terça-feira faz um discurso na sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.

“A Venezuela pediu um encontro e a alta comissária aceitou encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros”, disse uma porta-voz do gabinete de Bachelet, Ravina Shamdasani, citada pela agência France-Presse.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas(ACNUDH) está reunido entre esta segunda-feira e 28 de setembro em Genebra, naquela que é a primeira sessão em que Michelle Bachelet participa como alta comissária desde que assumiu o cargo, a 1 de setembro. O encontro decorre numa altura em que continua a aumentar o número de venezuelanos que estão a deixar o país, com uma média de 800 pessoas a entrar diariamente no Brasil.

Estes dados surgem nos parágrafos dedicados à Venezuela numa versão preparada do discurso de Michelle Bachelet distribuído à comunicação social, mas que segundo as agências internacionais não foram lidos pela antiga presidente do Chile perante dos membros do Conselho de Direitos Humanos. “Quando esta sessão começa, o número crescente de pessoas que fogem da Venezuela e da Nicarágua demonstra uma vez mais a necessidade de defender constantemente os direitos humanos”, referia versão preparada do discurso.

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“É urgente ajudar os estados de acolhimento a resolver os numerosos problemas colocados por estes movimentos”, acrescentou, sublinhando como “fundamental abordar as razões” que levam as pessoas a partir. Por outro lado, pediu ao Conselho para tomar “todas as medidas necessárias para fazer face às graves violações dos direitos humanos” identificadas na Venezuela e Nicarágua.

Notou igualmente que, após a publicação, em junho, do último relatório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos sobre a Venezuela, continuaram a chegar “informações sobre violações de direitos económicos e sociais, com registos de mortes ligadas à desnutrição e a doenças evitáveis, bem como sobre violações de direitos civis e políticos”. Por outro lado, sublinhou que o governo da Venezuela “não demonstrou abertura” para implementar “verdadeiras medidas” com vista a julgar os responsáveis pela violência durante as manifestações de 2017.

Os dados divulgados pelas Nações Unidas revelam que o número de pessoas que fugiram da Venezuela até 01 de julho atingiu os 2, 3 milhões, o que equivale a cerca de 7% da população total. Em média, 800 venezuelanos entram diariamente no Brasil e 4.000 chegaram diariamente, durante a primeira semana de agosto, ao Equador.

Em três semanas do mês de julho, 50 mil venezuelanos entraram na Colômbia.