A líder do CDS-PP acusou esta terça-feira o Governo de ser “muito incompetente” e de estar “muito mal” na questão dos professores.  “Este governo tem andado muito mal nesta matéria porque não foi capaz de prever, de planear e de conversar com os professores”, considerou em entrevista ao programa “A Entrevista” da RTP3.

Assunção Cristas — que diz compreender “muito bem a razão dos professores” e as limitações do governo — vai mais longe e afirma que os professores foram “aldrabados” e “enganados” no último Orçamento de Estado e acusa o governo de prolongar negociações em várias áreas (saúde, educação, ferrovia) com o objetivo de descansar os que reivindicam.

Cristas afirmou que Mário Centeno se tornou num “super ministro” que se sobrepôs a outros ministros, que não conseguem cumprir aquilo a que se propõem. “Eu acho que este governo tem um primeiro-ministro e um ministro [das finanças]. O resto parecem todos secretários de estado.”

Para a líder do CDS, o governo “não faz um orçamento rigoroso, faz governo fantasioso”. Acusou Centeno de ser o “campeão das cativações”, que promete dinheiro aos diferentes setores e depois “agarra o dinheiro com toda a força” para no final dar “conta certa”. Nas palavras da líder do CDS, isto é uma “conversa desonesta” que “engana os parceiros da governação” e “todos os portugueses”.

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Em oposição, Assunção Cristas sublinha que, na sua opinião, o CDS se apresenta como a “verdadeira alternativa”. “Sinto que somos o único partido no espetro político português que diz com toda a clareza que não quer viabilizar nunca um governo de António Costa.” E remata: “ou somos oposição ou apoiamos um governo que não tenha António Costa“.

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Para as próximas eleições legislativas, mantém a ambição de se tornar primeira-ministra e liderar o primeiro governo encabeçado pelo CDS. Apesar de considerar que cada força política deve trabalhar por si para obter o melhor resultado eleitoral possível, não excluí a hipótese de negociar com o PSD após as eleições, mas garante que o apoio não é garantido à partida — “não há cheques em branco”.

A líder política defende um bloco de centro direita alternativo à solução governativa atual. Questionada relativamente à possibilidade de uma “gerigonça à direita”, Cristas afirma que “está tudo em aberto”.

Relativamente ao Partido Aliança de Santana Lopes, não acredita no risco de CDS perder votos para o novo partido e reafirma que o partido está numa fase de alargar o eleitorado. “Pelo contrário, o que eu acho é que tudo o que aparecer para termos um bom resultado no espaço de centro-direita pode ser muito bom para os tais 116 deputados.”

Durante a entrevista, Cristas desvaloriza ainda a taxa Robles. “É o Bloco de Esquerda a querer lavar a sua consciência e quer fazê-lo pelo canal errado.” Para a líder do CDS, baixar a especulação e garantir habitação passa por outras medidas como baixar a taxa aplicada a proprietários que têm um arrendamento de longa duração ou pegar no património público — ambas propostas que o seu partido tem defendido.

Quando o jornalista Vítor Gonçalves a questionou se considera ter culpa como a “ministra dos despejos”, que desempenhou um papel na lei que alegadamente desprotegeu os inquilinos, Cristas assumiu que é sempre possível fazer melhor. No entanto, declarou que, na conjuntura de 2011, conseguiu assegurar as “circunstâncias mais graves: fragilidade económica e idade”. “Hoje, temos diferentes problemas, diferentes daqueles que resolvemos em 2011. E como tal são precisas novas soluções”, concluiu.