O recém anunciado divórcio e os rumores de adultério não deverão, na previsão dos membros do Partido Conservador, afetar a popularidade do candidato apontado como provável substituto de Theresa May.

A separação entre Boris Johnson e a companheira de 25 anos, a conceituada advogada Marina Wheeler, foi noticiada na passada sexta-feira pelo The Sun. O jornal tabloide dava conta de que o casal estava a viver vidas separadas e que Wheeler não tinha qualquer intenção de reatar a relação com o marido, alegando que este a tinha traído novamente. No mesmo dia, o ex-casal emitiu um comunicado conjunto em que admitiu o divórcio.

Boris Johnson e Marina Wheeler eram casados há 25 anos. Uma nova traição terá na origem do divórcio, que fontes próximas do casal dizem já estar acordado há vários meses.

No domingo, a mesma publicação noticiou a relação de proximidade entre o ‘Mr. Brexit’ e a ex-chefe de comunicação do partido conservador. Carrie Symonds, de 30 anos (menos 24 que Boris Johnson) foi colocada no centro da polémica do divórcio de Johnson, sendo apontada como a alegada amante do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

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Carrie Symonds, ex-chefe de comunicação do partido conservador, está a ser apontada como a alegada amante.

No mesmo dia em que o divórcio foi anunciado, o website Conservative Home divulgou uma sondagem sobre a popularidade dos membros do partido que poderão vir a substituir Theresa May na liderança. Boris Johnson surge em primeiro lugar com 35% de apoio, mais do dobro que o segundo classificado (Sajid Javid com 15%). Este resultado representou um aumento de 6% face a julho.

“Estou desconfiado que não vai fazer grande diferença. O Boris é adorado por ser o Boris”, disse ao The Guardian um alto membro do partido conservador próximo do ex-ministro. “No passado, um político divorciado que procurasse a liderança não teria hipótese, mas as coisas mudaram. Aconteceram-lhe [ao Boris Johnson] coisas na carreira que deixariam a maioria dos políticos completamente ridicularizados, mas com ele a resposta é: ‘ah, é o bom e adorável Boris’. Ele consegue escapar com coisas que os outros não conseguem. Pode ser que as pessoas o achem simpático e por isso estão mais dispostas a fechar os olhos.”

Esta é a opinião partilhada pela generalidade dos membros do Partido Conservador que comentaram o caso nos meios de comunicação britânicos. Alguns consideram que o anuncio foi feito estrategicamente neste momento para que a quando da eleição do líder do partido já sejam “notícias antigas” que não podem ser usadas contra ele por “inimigos”. A maioria acredita que, dada a personalidade excêntrica que já é conhecida do público, é pouco provável que estas notícias surpreendam o eleitorado. “Está tudo contabilizado porque não acredito que as suas tontices [de Boris] venham a surpreender ninguém. Ele tem um historial de casos que é bem conhecido”, disse um deputado deputado também ao The Guardian.

Esta não é a primeira vez que os casos de traições de Boris Johnson fazem manchete. Em 2004, durante o primeiro mandato como deputado, foi afastado por ter mentido ao líder do partido sobre ter um alegado caso com uma jornalista. Nove anos mais tarde, quando ocupava o cargo de presidente da Câmara de Londres, foi tornado publico que teria uma filha de um caso extraconjugal que manteve com uma consultora de arte. O caso tornou-se público quando a mãe da criança perdeu a batalha judicial para manter a paternidade anónima — mais tarde, após a apresentação de um recurso, o tribunal ficou a saber que seria a segunda criança nascida fora do casamento com Wheeler.