Até ao passado sábado, Dave Mussard não passava de um mero desconhecido. Hoje está nas bocas do mundo e é o guarda-redes mais falado do momento. A principal razão é simples e não passou despercebida na transmissão televisiva do encontro entre Seychelles e Nigéria: o seu imponente aspeto físico. 

Mas quem vê caras não vê corações e, para saber mais sobre o guardião que cumpriu a sua segunda internacionalização pelas Seychelles era preciso mais do que apenas observar pela televisão. E foi ao jornal espanhol Marca que o guarda-redes de 31 anos contou a sua história: foi chef pasteleiro, passou a motorista do dono do hotel onde trabalha, que é também o presidente do Le Passe FC, o clube que conta com Dave Mussard na baliza, e vê semelhanças entre si e um dos melhores do mundo, Manuel Neuer.

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Questionado sobre se viu as imagens que circularam na Internet ainda durante o encontro de qualificação para a CAN 2019 (vitória da Nigéria por 3-0), não hesitou: “Sim, vi que saíram na televisão e na Internet. É uma oportunidade para que o mundo nos veja jogar contra os jogadores mais talentosos de África”, atirou.

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O duelo de sábado passado foi apenas o segundo de Dave Mussard ao serviço da seleção das Seychelles, depois da estreia com a camisola do seu país, em 2013. De lá para cá, dividiu o seu tempo entre o futebol e o trabalho no hotel.

Dentro dos relvados, atua num dos melhores clubes do seu campeonato, que até já foi campeão por quatro vezes, nenhuma desde que Mussard é o dono da baliza. Ainda assim, esta época levam 24 pontos, menos cinco do que o primeiro classificado e a esperança do título mantém-se viva.

Começou a jogar com oito anos, ganhou o gosto pelo desporto e rapidamente percebeu que precisava de conciliar a posição em campo com um posto fora dele. Aí, dedicou-se a uma outra paixão: a pastelaria. “Há muito trabalho no hotel e o meu chefe é o presidente do clube onde jogo. Gostava de me dedicar só ao futebol, mas é difícil. Treino de segunda a domingo, antes era pasteleiro, mas há dois anos que sou o condutor do proprietário do Hotel Patatran”, conta.

Jogar a CAN ao serviço das Seychelles é uma missão quase impossível, apesar de ser um dos sonhos de Mussard. E não é por não ter lugar na equipa, mas sim porque a seleção das ilhas nunca se qualificou para o torneio africano. Ainda assim, Mussard não desiste: “Tenho de continuar a treinar bem todas as semanas. Dia 10 de outubro, jogamos contra a África do Sul. Se me derem a oportunidade de jogar, vou aproveitá-la”, explica, garantindo que, pese embora a fama obtida depois do encontro com a Nigéria, nenhum clube o contactou para contar consigo.

[Veja os melhores momentos do encontro entre Seychelles e Nigéria, com Dave Mussard em destaque]

https://www.youtube.com/watch?time_continue=67&v=cochM56OQnk

Questionado sobre o futebol europeu, confessou nunca se ter deslocado ao velho continente, mas “caso haja oportunidade, gostaria de ir”. E, afinal, como se define Dave Mussard enquanto guarda-redes? “Considero-me bom no um para um e com a bola nos pés, passo-a bem aos meus companheiros”, conta, falando da sua referência: “Manuel Neuer é o melhor do mundo. É como eu, alto, bom com os pés”.

E, não é por estar num campeonato amador que Dave Mussard não tem reparos a fazer aos grandes guarda-redes europeus. “De Gea joga bem, mas, às vezes, tem erros por falta de concentração”, explica o guardião, sem hesitar, confessando que gostaria de defrontar Messi, Bale ou Griezmann no futuro.

Se Dave Mussard vai receber uma proposta para sair do Le Passe FC e abandonar o futebol das Seychelles rumo aos duelos com os melhores do mundo, é uma incógnita; certo é que a sua imagem e as suas palavras já correram mundo. E o antigo pasteleiro nem precisou de sair da baliza.