Um surto de febre suína africana tem surgido em várias suiniculturas um pouco por toda a Europa. De acordo com notícia do The Guardian, na Bélgica acabam de ser detetados os primeiros casos. Nos arredores da cidade de Étalle, em Gaume, foram descobertos dois javalis selvagens, já mortos, que estavam infetados com o vírus. Perante este episódio, vários agricultores já vieram pedir o abate massivo desta espécie, de forma a proteger as suiniculturas europeias.

Com as autoridades francesas e holandesas em alerta máximo, o ministro da agricultura belga, René Collin, ordenou a proibição da caça destes animais até meados de outubro e uma série de restrições ao transporte de suínos numa zona de 63 mil hectares no sul da Bélgica. Caminhantes e campistas também foram aconselhados a restringirem os seus percursos a trilhos já existentes, tudo isto enquanto 67 quintas estão a ser analisadas, para perceber se nalguma delas já existem animais infetados.

Os últimos casos de febre suína africana reportados na Bélgica datam de 1985 e levaram ao abate de cerca de 30 mil porcos. A doença causa intensas hemorragias e, para os animais, é incurável. Não há qualquer indício de que seja perigosa para humanos. A descoberta da doença na segunda maior quinta de porcos da Europa, que fica na Roménia, fez com que 140 mil animais tivessem de ser abatidos no mês passado.

O maior sindicato agrícola da Bélgica, o Syndicat Agricole Général, já exigiu o “imediato, controlado e coordenado fuzilamento de javalis selvagens em todo o território belga”. Um representante desta associação afirmou: “Só assim é que o surto pode ser isolado e limitado à zona onde o vírus foi detetado. Só então é que esta bomba-relógio será desmantelada. Nenhuma outra opção é viável.”

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O governo belga já pediu calma e a Comissão Europeia afirmou que vai enviar vários peritos para coordenar as operações de contenção, juntamente com as autoridades do país em questão. O comissário da saúde, Vytenis Andriukaitis, deverá reunir-se com o executivo na próxima segunda-feira. Um porta-voz da Comissão Europeia revelou que “ainda este fim-de-semana” serão enviados “peritos” à zona onde foram detetados os dois focos de infeção.

Kris Peeters, o ministro do consumo e da economia belga, disse que o governo precisa de assegurar aos mercados de carne belga que o problema está controlado. “Temos de garantir a esses países de que vamos acompanhar de forma intensa o desenrolar dos acontecimentos, de forma a que as nossas exportações não saiam prejudicadas”.

A febre suína africana foi eliminada na Europa na década de 90, através de vários esforços concertados de abate e controlo. Métodos mais modernos de suinicultura também ajudaram.  Em 2014 houve um ressurgimento na Europa central e de leste, tendo sido detetados casos na Lituânia, Polónia, Letónia e Estónia. Outros surtos também foram reportados na zona este da Republica Checa, em junho de 2017. Este ano voltaram a aparecer na Roménia e na Hungria.

Têm sido feitos grandes esforços para afastar a doença das zonas onde a produção de suínos é mais preponderante, nomeadamente, o noroeste do continente europeu.

A Alemanha ofereceu assistência às autoridades da Europa de leste e a Dinamarca já anunciou que planeia construir uma vedação ao longo da fronteira com a Alemanha, de forma a afastar animais infetados (este país nórdico é um dos principais produtores de porcos da Europa).

Já é discutida, com algum medo, a hipótese de que exportações para países fora da UE — o maior exportador de porcos do mundo — possam ser canceladas, caso a doença não seja controlada.

Nas últimas semanas, autoridades chinesas já ordenaram abates um pouco por todo o país, assim como a proibição do transporte de porcos vivos. A decisão deu-se depois de terem sido detetados surtos em 10 províncias do país.