Primeiro, a transferência de 112 milhões de euros do Real Madrid que muita tinta fez correr. Depois, a ausência de golos de Cristiano Ronaldo ao serviço da Juventus. Talvez porque às vezes quanto mais se quer menos se consegue, o capitão da seleção nacional ainda não tinha conseguido inscrever o nome na lista de marcadores das provas oficiais onde atua a Vecchia Signora. Em cada novo jogo, abria-se o suspense e perguntava-se se era desta que o craque português ia quebrar o enguiço depois de três jornadas em branco.

Massimiliano Allegri achava que sim. O técnico italiano vestiu o melhor fato de líder e, antes da partida, anunciou que tinha um feeling. “Ronaldo vai marcar já ao Sassuolo”, anunciou, antes de dar nova prova de confiança a CR7. “De Cristiano não espero nem mais nem menos do que aquilo que ele fez nos primeiros três jogos. Trabalhou sempre muito bem e creio que este domingo pode desbloquear-se, fará golo”. Palavra de ‘mister’.

Palavra essa que foi enganadora no início do jogo, pelo menos relativamente a Dybala. Allegri tinha dito na antevisão que o argentino ainda tinha de “treinar-se e atingir a melhor condição física” antes de ser lançado no onze, mas tudo não passou, afinal, de um bluff: o avançado foi mesmo aposta inicial da Juve, numa frente de ataque em que se juntou a Mandzukic e Cristiano Ronaldo.

Com o encontro a começar dividido e a jogar-se muito a meio-campo, CR7 cedo mostrou ao que vinha, com três iniciativas que acabaram por ter o mesmo destino: desviaram na defensiva do Sassuolo e tomaram a direção errada. O rosto do português mostrava bem a ansiedade de marcar e o desespero de não o conseguir. As dificuldades eram partilhadas com o resto da equipa. É que o Sassuolo deslocou-se ao campo da Juventus com a lição bem estudada, fiel a um futebol apoiado, afoito, intenso e agressivo, remetendo a Vecchia Signora a um jogo desligado, muitas vezes a viver de bolas longas não concretizadas em oportunidades dignas desse nome. E mais dificuldades teria tudo a Juventus se, ao minuto 39, o árbitro não tivesse anulado o lance que terminava com golo de Duncan, assinalando falta de Djuricic sobre João Cancelo no início da jogada.

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A Juventus não ia lá pelo chão, nem pelo ar, acabou por ir… de Ferrari. O central do Sassuolo acabou por fazer uma autêntica assistência e adivinhe lá quem estava ali prontinho a marcar. Cristiano Ronaldo mostrou que palavra de ‘mister’ é para levar a sério e, à quarta tentativa, estreou-se nos golos em jogos oficiais pela Vecchia Signora. Um golo muito festejado nas bancadas (sobretudo por Georgina Rodríguez e por Cristianinho) e, claro, dentro de campo. Ronaldo desbloqueava a equipa e a si próprio.

Mas não seria para ficar por aqui. Lembrando a expressão do próprio Ronaldo de que “os golos são como o ketchup”, CR7 fez o ‘bis’ 15 minutos depois num contra-ataque da Juventus que culminou com um remate cruzado certeiro do avançado português. Até ao final, Cristiano ainda tentou o ‘hat-trick’: primeiro, num remate de fora da área que Consigli conseguiu travar, logo depois numa recarga a remate de João Cancelo, em que a bola acabou por se perder na malha lateral. Já no período de compensação, o Sassuolo ainda reduziu por Babacar (2-1), mas já não foi a tempo de apagar a vitória da Juventus nem a tarde de sonho de Ronaldo.

À cadeia italiana Sky Sport, Cristiano Ronaldo admitiu que estava ansioso com a partida. “É futebol, o importante é que a equipa ganhe. Talvez estivesse um pouco ansioso. É normal, depois de sair de Madrid, de tudo o que se passou e que me deixou um pouco mais ansioso”, admitiu o português, citado pela agência Lusa.

Depois de ter quebrado o ‘jejum’, aos 50 e 65 minutos, o craque português disse que estava “muito contente”. “Foi um jogo disputado, o Sassuolo jogou bem, há que dar mérito ao que fizemos, estivemos intensos, criámos muitas ocasiões. Óbvio que estou contente por marcar os meus primeiros golos, estava com vontade”, disse.

O futebolista, que agradeceu ainda aos companheiros pelo apoio que lhe têm dado, acrescentou que, às vezes não se controla a ansiedade, mas que sabia que os golos acabariam por chegar. “Continuo a adaptar-me à Liga italiana”, acrescentou.