O Presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, considerou que as relações entre Havana e Washington registaram um “recuo” com a chegada do homólogo norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca.

“Queremos diálogo mas tem de ser entre iguais e que nos respeite, e que a nossa independência e soberania não sejam condicionadas porque não aceitamos imposições e não estamos dispostos a fazer concessões”, disse o chefe de Estado cubano em entrevista à estação de televisão Telesur, transmitida este domingo.

Os Estados Unidos e Cuba restabeleceram relações diplomáticas durante o mandato Presidente Barack Obama após quase meio século de crise entre os dois países.

Com a chegada de Donald Trump ao poder, o “degelo nas relações” entre os Estados Unidos e Cuba estancou. Para o Presidente cubano, os Estados Unidos querem impor o neoliberalismo na América Latina para que o “exemplo” de Cuba não se repita na região.

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“Os norte-americanos não querem que Cuba se repita em outros pontos da América Latina” disse Miguel Diaz-Canal, que acusa Trump de estar a “pressionar os povos” da região através de estratégias políticas e económicas como a “implementação” de “posições que são contrárias à Venezuela”.

Trata-se da primeira entrevista a Diaz-Canal, 58 anos, que sucedeu a Raul Castro no passado mês de abril. A entrevista à Telesur foi gravada “nos últimos dias”, em data que não foi especificada pela rede de televisão estatal com sede na Venezuela.

Diaz-Canel defende legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo

O Presidente de Cuba defendeu também a inclusão do casamento homossexual na nova Constituição, com o objetivo de pôr fim a “qualquer tipo de discriminação” no país. “Estou de acordo [com o casamento gay] (…) e defendo que não haja qualquer tipo de discriminação no país”, disse o líder cubano, numa entrevista ao Telesur, transmitida no domingo à noite, a primeira desde que assumiu o cargo em abril.

A consulta popular sobre o anteprojeto da nova Constituição de Cuba, que introduz algumas significativas mudanças sociais e económicas no país, iniciou-se em meados de agosto e decorre até 15 de novembro, sendo o texto final submetido a referendo em fevereiro próximo.

Entre as novidades mais relevantes da reforma constitucional cubana estão o reconhecimento da propriedade privada e a eliminação do termo “comunismo”, embora o texto continue a consagrar o Partido Comunista Cubano (PCC) com poder máximo na ilha caribenha, pelo que a reforma não desencadeará mudanças substanciais no atual sistema político.

Outra das novidades é a possível abertura ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tem sido fortemente contestada pela Igreja Católica do país.

Por outro lado, a deputada Mariela Castro, filha do ex-Presidente Raul Castro, tem sido uma das principais defensoras dos direitos da comunidade LGBT naquele país da América latina.

Em 2010, Fidel Castro reconheceu as “injustiças cometidas contra os homossexuais”, que forçaram o exílio de muitos intelectuais e artistas nos anos 1960, 1970 e 1980.