Centenas de pessoas, incluindo funcionários públicos e reformados, protestaram esta quarta-feira em várias zonas de Caracas contra a unificação do salário mínimo de milhões de venezuelanos e para reclamar o pagamento incompleto das pensões. Os venezuelanos protestaram ainda contra os constantes apagões e as falhas no abastecimento de água.

Na simbólica avenida Libertador de Caracas, o protesto juntou trabalhadores das empresas estatais Cantv (telecomunicações) e Corpoelec (eletricidade), professores e profissionais da área da saúde. Estes funcionários públicos que, no passado, tiveram um papel importante para assegurar o chavismo no poder, queixam-se de que o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, eliminou os bónus e compensações.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Públicos, ao aumentar 35 vezes do salário mínimo dos venezuelanos, em finais de agosto, o governo implementou uma nova tabela que reduz “as diferenças de salários nos diferentes escalões” e elimina direitos adquiridos pelos anos de trabalho.

Já para Victor Márquez, da Associação de Professores da Universidade Central da Venezuela, o governo ignorou os contratos coletivos e todos os profissionais desta área passaram a receber o mesmo salário. Além disso, os professores deixaram de ter subsídio de transporte e apoio para os materiais escolares (cadernos ou farda) que os filhos usam nas escolas públicas e privadas do país.

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Em Parque Carabobo, no centro de Caracas, dezenas de reformados e aposentados concentraram-se para exigir respostas do Instituto Venezuelano de Segurança Social, pelo atraso no pagamento de subsídios, entre eles o de alimentação. Os reformados criticaram ainda o facto dos bancos venezuelanos estarem a entregar, a cada um, apenas 90 dos 1.800 bolívares soberanos da pensão mínima, um valor que alegam ser insuficiente para pagar, em dinheiro, medicamentos e alimentos.

Por outro lado, residentes no bairro El Limón, Tacágua Vieja e Nuevo Dia (todos a norte da capital) bloquearam a autoestrada que liga Caracas a La Guaira (onde está o principal aeroporto do país) em protesto pela falta de transportes públicos e de água potável.

A Central Bolivariana Socialista de Trabalhadores e a Federação de Trabalhadores Petrolíferos acusam o governo venezuelano de ter uma “posição anti-operária”.

Ainda em Caracas, mães de doentes do Hospital Infantil J. M de los Rios protestaram para denunciar falhas na alimentação das crianças e de problemas nos serviços. As manifestantes queixaram-se de que as crianças são alimentadas apenas com arroz branco e ‘arepa’ (massa de milho cozido) sem recheio. Exigiram ainda das autoridades respostas para a falta de medicamentos no país.

No Interior, há registos de protestos nos estados de Zúlia, Táchira e Carabobo, principalmente por falta de respostas na área da saúde.