O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, defendeu o juiz que nomeou para o Supremo Tribunal, Brett Kavanaugh, acusado por uma ex-colega de liceu de abusos sexuais. “É uma pessoa verdadeiramente excecional, como sabem tem um historial inatacável. Isto é uma coisa terrível que aconteceu e, francamente, é terrível que esta informação não nos tenha sido dada há meses quando a obtiveram. Poderiam ter feito isso em vez de esperarem que todo o processo [de nomeação do juiz para o Supremo] estivesse terminado e de repente revelá-la com estrondo. Mas é isso que os democratas fazem, obstrução e resistência, o que for preciso fazer”, apontou Donald Trump.

A relação do caso com os democratas existe por as acusações terem sido denunciadas em primeira mão a uma senador deste partido, Dianne Feinstein, através de uma carta enviada pela alegada vítima.

O presidente norte-americano decidiu “falar por todos os republicanos” e garantiu que há vontade de “avançar com este processo e dar a toda a gente uma oportunidade para dizer o que tiverem a dizer”. A votação do nome do juiz para o Supremo Tribunal estava inicialmente agendada para esta quinta-feira, mas foi adiada. Sobre isso, Trump adiantou: “Temos tempo disponível, vamos adiar o processo até estar tudo terminado”. Questionado sobre se o juiz que nomeou para esse órgão pretende testemunhar sobre o caso, o presidente dos EUA foi claro:

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O juiz Kavanaugh está ansioso para o fazer [testemunhar]. Quanto à outra parte envolvida, não sei. (…) Um adiamento [da votação para o Supremo] é certamente aceitável, queremos ir ao fundo de tudo isto, queremos que toda a gente tenha possibilidades de falar. A verdade é que deveria ter sido feito há muito”, referiu Trump.

O presidente norte-americano afirmou ainda que o juiz “é uma das poucas pessoas que já vi e conheci — e conheço pessoas de grande sucesso — que tenham sido tão extraordinárias” como Brett Kavanaugh. Um jornalista perguntou-lhe ainda se o caso era “apenas política” e Trump respondeu: “Não quero dizer isso. Talvez o diga daqui a alguns dias mas não agora”.

Ex-colega de Brett Kavanaugh no liceu acusa o juiz nomeado por Trump de abuso sexual

Alegada vítima quer FBI a investigar Kavanaugh antes de testemunhar

Os advogados da responsável pelas acusações ao juiz nomeado por Donald Trump para o Supremo Tribunal, Christine Blasey Ford, já fizeram saber que a alegada vítima do caso pretende que o FBI investe as suas acusações antes de ser ouvida no Senado.

Para os representantes legais da professora universitária e investigadora em Psicologia na Universidade de Palo Alto, na Califórnia, “uma investigação completa das autoridades judicias assegurará que os factos e testemunhas cruciais deste assunto são avaliadas de um modo não partidário”, ou político, “e que o comité está completamente informado antes de conduzir quaisquer audições ou tomar quasiquer decisões”. A declaração foi incluída numa carta enviada ao senador republicano Senator Grassley, que integra o comité judicial do Senado.

O testemunho da dr. Ford refletiria o seu conhecimento pessoal e a sua memória dos acontecimentos. Nada que o FBI ou outros possíveis investigadores façam teriam qualquer impacto no que a Dr. Ford diria ao comité, pelo que não há razão para mais adiamentos”, defendeu por sua vez o senador republicano, numa declaração citada pela agência Reuters.

As acusações de Christine Blasey Ford, 51 anos, ao juiz Brett Kavanaugh, 53, referem-se a um episódio ocorrido em 1982, quando ambos eram adolescentes e colegas de liceu. Segundo Christine Ford, numa festa em Maryland, Kavanaugh terá tentado aproveitar o facto de a então colega estar embriagada para a prender a uma cama e lhe tentar retirar a roupa à força.

O atual juiz do Supremo Tribunal refutou as acusações, garantindo que são “completamente falsas. Isso nunca aconteceu, não fazia ideia de quem estava a fazer a acusação até ela se ter identificado”.

O Comité Judicial do Senado, que supervisiona o Departamento de Justiça estatal e a nomeação de Brett Kavanaugh para o Senado, anunciou uma audição para a próxima segunda-feira sobre o assunto. De acordo com Donald Trump, Kavanaugh está já pronto para testemunhar mas Christine Blasey Ford preferirá então que as autoridades policiais investiguem primeiro o caso, antes de se apresentar no Senado.

Brett Kavanaugh e a mulher que o acusou de abuso ouvidos na próxima segunda-feira

A indicação de que Donald Trump nomearia o juiz de Washington D. C. para o Supremo Tribunal foi anunciada pela presidência há dois meses.